São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2001

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Cassino da Urca está infestado de ratos e insetos



ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

O Cassino da Urca, que nasceu como um hotel nos anos 20, que foi palco de Carmen Miranda e que terminou seus dias úteis em 1980 como sede da extinta TV Tupi, virou um ninho de ratos.
"É um espaço inútil. Só serve para abastecer a Urca de ratos", afirmou o pesquisador e escritor Ricardo Cravo Albin, 60, morador há 15 anos do reservado bairro da zona sul carioca.
O prédio, tombado pela prefeitura em 88, pertence ao grupo Diários Associados, fundado por Assis Chateaubriand. Anteontem, Cesar Maia decretou o início da desapropriação do Cassino.
Dois anexos interligados formam o complexo do Cassino. Um deles está de costas para a praia da Urca, tem portas e janelas vedados e está infestado de ratos, baratas e cupins. O outro anexo é maior e tem algumas salas alugadas. Os dois prédios estão separados pela avenida João Luiz Alves, de mão dupla, uma das mais movimentadas da Urca.
A idéia de dar um destino melhor ao cassino não é nova. O diretor-executivo da Fundação Assis Chateaubriand, Márcio Cotrim, não sabia do plano de desapropriar o cassino. "Ah é?", reagiu, quando contatado pela Folha.
Segundo Cotrim, a fundação pretende criar ali o Centro Cultural Assis Chateaubriand, que seria uma espécie de museu da comunicação, em homenagem a Chatô.
"Tomara que o Cesar Maia se interesse. Não sei o que ele quer fazer, mas, como o terreno é dos Diários Associados, temos que ser contatados para discutir o tema."
O projeto do museu foi reprovado pelos moradores da Urca há dois anos, lembra o publicitário Jomar Pereira da Silva Roscoe, há 50 anos no bairro.
"Qualquer projeto precisa ter um estacionamento compatível, porque as ruas da Urca são estreitas. Já era um problema na época do cassino", afirma Roscoe, que diz torcer por uma solução.
Uma comissão montada na gestão do ex-prefeito Luiz Paulo Conde discutiu o tema no ano passado, informou Cotrim. "Eu mesmo participei das reuniões. O Paulo Casé (arquiteto) deu várias sugestões de projetos. Mas como há resistências, resolvemos pensar mais."
Ricardo Cravo Albin estará inaugurando nas próximas semanas o Instituto Cravo Albin, para pesquisas sobre música popular brasileira. Ele está doando para a instituição, sem fins lucrativos, um patrimônio estimado em US$ 2 milhões, o que inclui uma discoteca com 15 mil discos de vinil, o apartamento onde mora e um casarão aos pés do Pão de Açúcar.
No dia da posse, Cesar Maia disse que pretende instalar um centro cultural ou um museu no prédio onde funcionou o cassino.


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