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Cassino da Urca está infestado de ratos e insetos
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO
O Cassino da Urca, que nasceu
como um hotel nos anos 20, que
foi palco de Carmen Miranda e
que terminou seus dias úteis em
1980 como sede da extinta TV Tupi, virou um ninho de ratos.
"É um espaço inútil. Só serve
para abastecer a Urca de ratos",
afirmou o pesquisador e escritor
Ricardo Cravo Albin, 60, morador há 15 anos do reservado bairro da zona sul carioca.
O prédio, tombado pela prefeitura em 88, pertence ao grupo
Diários Associados, fundado por
Assis Chateaubriand. Anteontem,
Cesar Maia decretou o início da
desapropriação do Cassino.
Dois anexos interligados formam o complexo do Cassino. Um
deles está de costas para a praia da
Urca, tem portas e janelas vedados e está infestado de ratos, baratas e cupins. O outro anexo é
maior e tem algumas salas alugadas. Os dois prédios estão separados pela avenida João Luiz Alves,
de mão dupla, uma das mais movimentadas da Urca.
A idéia de dar um destino melhor ao cassino não é nova. O diretor-executivo da Fundação Assis
Chateaubriand, Márcio Cotrim,
não sabia do plano de desapropriar o cassino. "Ah é?", reagiu,
quando contatado pela Folha.
Segundo Cotrim, a fundação
pretende criar ali o Centro Cultural Assis Chateaubriand, que seria
uma espécie de museu da comunicação, em homenagem a Chatô.
"Tomara que o Cesar Maia se
interesse. Não sei o que ele quer
fazer, mas, como o terreno é dos
Diários Associados, temos que ser
contatados para discutir o tema."
O projeto do museu foi reprovado pelos moradores da Urca há
dois anos, lembra o publicitário
Jomar Pereira da Silva Roscoe, há
50 anos no bairro.
"Qualquer projeto precisa ter
um estacionamento compatível,
porque as ruas da Urca são estreitas. Já era um problema na época
do cassino", afirma Roscoe, que
diz torcer por uma solução.
Uma comissão montada na gestão do ex-prefeito Luiz Paulo
Conde discutiu o tema no ano
passado, informou Cotrim. "Eu
mesmo participei das reuniões. O
Paulo Casé (arquiteto) deu várias
sugestões de projetos. Mas como
há resistências, resolvemos pensar mais."
Ricardo Cravo Albin estará
inaugurando nas próximas semanas o Instituto Cravo Albin, para
pesquisas sobre música popular
brasileira. Ele está doando para a
instituição, sem fins lucrativos,
um patrimônio estimado em US$
2 milhões, o que inclui uma discoteca com 15 mil discos de vinil, o
apartamento onde mora e um casarão aos pés do Pão de Açúcar.
No dia da posse, Cesar Maia disse que pretende instalar um centro cultural ou um museu no prédio onde funcionou o cassino.
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