São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2001

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VIOLÊNCIA

Troca de tiros entre traficantes do Salgueiro e do Chacrinha durou mais de três horas e pôde ser ouvida a 1 km de distância

Tiroteio assusta moradores da Tijuca

VIVIANE PAULA VIANA
DA SUCURSAL DO RIO

Um tiroteio de mais de três horas de duração no morro do Salgueiro, que podia ser ouvido a 1 km de distância, apavorou na madrugada de ontem os moradores da Tijuca, bairro de classe média na zona norte do Rio. Policiais militares ocuparam o morro.
O barulho dos tiros de fuzil e metralhadora e da explosão de granadas não deixou os moradores dormirem. Segundo eles, os tiros começaram no início da madrugada. "Moro no bairro há 22 anos e não tenho mais medo dos tiros, mas não pude dormir. Parecia uma guerra", disse o comerciante José Arlindo Ramos, 40.
Segundo a polícia, traficantes do vizinho morro da Chacrinha tentaram invadir o Salgueiro para tomar os pontos-de-venda de drogas. Os dois morros, que integram o complexo do Salgueiro, pertenceriam a grupos rivais do Comando Vermelho, facção criminosa atuante no Rio.
Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do 6º BPM (Batalhão da Polícia Militar) chegaram ao local por volta de 2h.
Houve troca de tiros com traficantes. Durante o tiroteio, Luiz Fernando Machado, 24, supostamente traficante, foi ferido e morreu no hospital do Andaraí. Com ele, policiais disseram ter apreendido uma pistola.
De manhã, 20 policiais ocuparam o morro. "Ficaremos aqui por tempo indeterminado. A ocupação pode acabar hoje como pode durar um mês", afirmou o PM Luiz Carlos de Matos Gralha, que comandou a operação.
Há ainda a versão de que os traficantes do Salgueiro estariam testando armamentos, pois os tiros foram muitos, mas espaçados. Segundo Gralha, essa hipótese "é muito pouco provável".
Na favela, ninguém fala, com medo de represálias. Um homem disse que a situação no morro é tensa e que a ordem dos traficantes aos moradores é que chegassem cedo em casa ontem.
Policiais encontraram cápsulas de fuzis AR-15 e G-3, além de cartuchos vazios. A perita Iraci Guedes, do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, esteve no local.
Durante o confronto, um suspeito de ligação com o tráfico foi detido. Ele foi liberado por falta de provas. Os tiroteios nos morros da Tijuca têm causado a migração de famílias para outros bairros da cidade, como a Barra da Tijuca (zona sul) e o Recreio dos Bandeirantes (zona oeste).


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