São Paulo, quarta-feira, 03 de janeiro de 2001

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RÉVEILLON


Empresas se acusam mutuamente e negam uso de PVC

Família de turista morto pretende processar responsáveis pelo evento


SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

A família do mecânico paulista José Maria Martins, 44, que morreu após ser atingido por estilhaços de fogos de artifício durante o réveillon em Copacabana, disse que pretende processar os responsáveis pelo evento.
A polícia do Rio abriu inquérito para apurar a responsabilidade pela explosão. As duas empresas que estão sendo investigadas, entretanto, se acusam mutuamente e ambas negam ter utilizado tubos de PVC no revestimento das bombas -segundo médicos, o material causou a maioria dos ferimentos das vítimas.
O diretor do Dfae (Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos), Fernando Oséas, disse que todos os pontos de fogos foram vistoriados, e que não foi encontrado nenhum tubo de PVC na praia, mas ele admite que a chuva que caiu durante o réveillon pode ter atrapalhado a fiscalização.
Pelo menos 39 pessoas, entre elas 11 crianças, sofreram ferimentos em consequência da explosão de bombas instaladas na praia. Elas receberam os primeiros medicamentos de bombeiros de plantão na orla e depois foram levadas para o hospital Miguel Couto, na Gávea (zona sul), com fraturas, lesões e queimaduras.
Martins morreu anteontem, depois de ter sido operado. Ele sofreu perfuração na laringe, fratura no tórax e queimaduras de segundo grau nos braços.
O mecânico havia viajado para o Rio para comemorar a festa de fim de ano com o cunhado José Lino, 30. Na hora da explosão, ele usou o próprio corpo para proteger Rivaldo dos Santos, 4, filho de Lino, que sofreu lesões e queimaduras nos braços e nas nádegas.
Ontem, a ex-mulher de Martins, Maria Laudicéia Martins, 44, chegou ao Rio acompanhada do filho Hugo Itamar, 16. "Eu não esperava uma coisa dessas. São os desígnios de Deus", disse, bastante emocionada. Ela afirmou que irá processar os responsáveis pelo evento e que houve negligência durante os primeiros socorros.
A 13ª Delegacia de Polícia está investigando a Promo 3, contratada pela Abih (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira) para realizar a queima de fogos em Copacabana e no Leme, e a Brasitália, que lançou cerca de 1.000 bombas a pedido da boate Help (a explosão aconteceu em frente à boate).


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