São Paulo, segunda-feira, 03 de janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

A ida por cima

Para desfilar com seus carros importados em Jurerê Internacional sem pegar o trânsito de Florianópolis, turistas pagam helicóptero e despacham suas Ferraris , Porsches e Lamborghinis em caminhões-cegonha

RACHEL BOTELHO
DE SÃO PAULO

CAIO CEZAR NASCIMENTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Turistas endinheirados com destino a Florianópolis não precisam mais encarar os engarrafamentos que tomam as principais vias de acesso às praias no verão.
Desde 20 de dezembro, três helicópteros -com capacidade de até cinco passageiros cada- percorrem nove rotas: do aeroporto até os pontos mais badalados da ilha e do litoral catarinense, por um preço fixo. O horário fica a critério do freguês.
"É igualzinho você ir do aeroporto de Nice para Saint-Tropez", descreve o empresário e apresentador de TV Álvaro Garnero, 42, que usou o serviço no dia 31. "A solução era o helicóptero ou ficar duas horas e meia no carro."
O trajeto de 32 km até Jurerê Internacional (norte da ilha), que ele fez em dez minutos, é o mais disputado e custa R$ 370 por pessoa.
"A tarifa sai muito mais barata porque cobramos por rota, não por duração", diz o gerente Santiago Edo, da Helisul/Golden Air. Ele afirma que já transportou mais de 300 pessoas desde que começou o serviço e que 80% da clientela é de paulistas.
Pontos de badalação como Cafe de La Musique, Taikô, Pacha e Posh Club, shows do quilate de Amy Winehouse -agendado para 8 de janeiro- e apresentações de DJs internacionais estão transformando o perfil de Jurerê Internacional no verão.
Antes um reduto familiar, a praia recebe cada vez mais turmas de amigos, de 25 a 35 anos de idade, em média. Além de São Paulo, eles partem do Rio, Porto Alegre, de outras capitais e países. Chegam a gastar R$ 100 mil em uma noite.

FERRARI DE CEGONHA
"Muitos vêm de helicóptero e mandam a Ferrari de cegonha", diz Adriani Marquez, dona de uma imobiliária que atua nessa região. O empresário Kadu Paes, 49, prefere pagar um motorista particular, que sai mais barato. Segundo ele, o serviço de caminhão custa de R$ 2.500 a R$ 3.500. "Todos trazem seus melhores carros para desfilarem. É comum encontrarmos Ferrari, Lamborghini, Porsche".
Com o novo público, o passe de cozinheiras, motoristas e baby-sitters está em alta. Desde 2008, a Premier Houses faz a ponte entre prestadores de serviço e locatários que não abrem mão de mordomia nas férias.
Segundo Gilvan Henrique dos Santos, da Mar de Jurerê Imóveis, os jovens não querem preocupação.
No ano passado, Garnero alugou uma das casas cuja diária vai de R$ 6.000 a R$ 8.000, mas que vêm com arrumadeira, cozinheira e garçons. "Você molda do jeito que prefere", diz ele. Elas têm de quatro a oito dormitórios, ar-condicionado, piscina, jardins. Nos hotéis, a diária média é de R$ 800.
Para os moradores do bairro, no entanto, a mudança traz mais incômodo do que benefícios. Corretores de imóveis, que não querem ser identificados, se queixam de bagunça, violência, uso de drogas e prostituição. Bem diferente da tranquilidade que impera no resto do ano.

COLABOROU CRISTINA MORENO DE CASTRO, DE SÃO PAULO


Texto Anterior: Árvore-problema terá remoção rápida
Próximo Texto: Com aumento, táxi de Congonhas ao centro passa de R$ 46 a R$ 55
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.