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RAP
Gustavo, 24, aprende com
Racionais MC's
da Reportagem Local
Quando não está no fórum, o
juiz Gustavo Antonio Pieroni Louzada, 24, gosta de escutar rap.
Ouve principalmente os Racionais MC's, o grupo brasileiro mais
popular do gênero, notório por
criticar a violência policial contra
os pobres e por duvidar da imparcialidade das leis.
"O rap é revelador. Permite que
conheçamos melhor as gírias da
rua e a mentalidade da periferia.
Entre juízes, costuma-se dizer, em
tom de brincadeira, que os Racionais falam a língua dos réus."
Formado há apenas dois anos,
Gustavo ascendeu rapidamente na
magistratura. Tomou posse como
juiz substituto em novembro de 97
e, seis meses depois, já se tornou
titular. Hoje está à frente da 2ª Vara de Paraguaçu Paulista (a 510 km
de SP).
"Preocupo-me muito em não
perder a sintonia com a população." Daí o gosto pelo rap, mas
também o olhar crítico que lança
sobre certas recomendações do
Tribunal de Justiça de São Paulo.
O órgão máximo do Poder Judiciário no Estado aconselha que os
juízes sejam "modelos de conduta" e sigam uma série de normas
comportamentais. Por exemplo:
devem evitar álcool em público,
preferir roupas formais, não exibir
tatuagens, nunca receber ninguém
no fórum a portas fechadas e recusar presentes valiosos.
"Algumas regras fazem sentido", reconhece Gustavo. "Outras
guardam um evidente ranço conservador. Passam a idéia de que os
magistrados estão acima da sociedade e não se misturam. Claro que
um juiz precisa se portar com moderação, mas não pode jamais se
isolar do mundo."
Fora do expediente, "para não
parecer diferente de ninguém",
Gustavo sai "de bermuda e chinelo" na rua. "Também tomo meu
chopinho. E, se me interessasse
por tatuagem, usaria. Reprimi-la
seria preconceito."
(AA)
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