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Dados do governo são confiáveis, diz Ministério da Saúde
Pasta afirma que existem alguns problemas, mas OMS considera de boa qualidade as informações brasileiras sobre mortalidade
Governo paulista desconhece razão do aumento de casos de "intenção indeterminada" e reafirma que índices de homicídios estão em queda
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde), do Ministério da Saúde -um dos responsáveis pela divulgação do "Mapa da Violência"-, apesar de
haver problemas, os dados disponibilizados pelo governo são
confiáveis e bem avaliados por
organismos internacionais.
"Segundo a OMS [Organização Mundial da Saúde], as informações de mortalidade brasileira são de boa qualidade.
Têm um percentual baixo de
causas mal definidas", disse
Otaliba Libânio, da SVS.
Mal definidas incluem causas desconhecidas pelo médico,
certidão de óbito mal preenchida ou quem morreu sem assistência médica e não foi possível
identificar a causa. No ano passado, 8,5% das mortes do país
foram registradas assim.
Há também problemas de
subnotificação, quando não é
feito o registro do óbito. "Muito
da subnotificação é de pessoas
que morrem em casa, de morte
natural. A gente acredita que a
subnotificação de mortes violentas seja muito pequena."
Conforme Libânio, houve
queda no índice de causas mal
definidas e isso se deve a um
trabalho de investigação e à
adoção de sistemas modernos
de acompanhamento, como a
inserção de dados pela internet
no SIM (Subsistema de Informação sobre Mortalidade).
"A gente acompanha a média
de mortes do ano anterior e o
que é esperado para o ano em
questão. Se há menos óbitos do
que o esperado, vamos atrás para ver se o número caiu ou se o
sistema não foi alimentado corretamente. A vantagem do SIM
na internet é que você acompanha os dados na medida em que
eles são digitados", afirmou.
São Paulo
O sociólogo Túlio Kahn, responsável pela Coordenadoria
de Análise e Planejamento da
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, disse não saber
explicar os motivos que levaram à explosão dos números de
"intenção indeterminada" no
Estado, já que o sistema de coleta de dados melhorou porque
começou a identificar os casos
envolvendo armas de fogo.
Ele nega, porém, haver manipulação de dados e diz que,
mesmo com a inclusão de todos
os números de não-determinados, ainda há redução de homicídios. "Mesmo somando esses
casos, dá queda. Que está tendo, está. Lógico que o aperfeiçoamento ajudaria a saber cada
qualidade de morte, o que está
realmente estável, o que está
subindo", disse. "É melhor trabalhar com dado precário do
que com dado nenhum."
Kahn afirma que o uso dos
dados do Datasus para falar de
violência não é adequado e, por
isso, relativiza o valor da pesquisa. "A preocupação deles
[Ministério da Saúde], qual é?
Eles têm uma rede hospitalar e
precisam dar esse atendimento. Para eles é um corpo vítima
de agressão. Eles querem saber
quantos médicos, quantos leitos criam. A gente que tem essa
qualificação que é jurídica."
Para o ex-secretário paulista
da Segurança Pública Marco
Vinício Petrelluzzi, mais importante que os números absolutos é a incontestável tendência de queda. "Isso é mais ou
menos como você pegar a inflação medida pela Fipe, pela
FGV, pelo não sei o que lá. O
número que dá em cada um não
é importante. Porque cada um
usa uma base de dados diferente. O importante é ver que em
qualquer um dos índices a tendência é a mesma", afirmou.
Segundo ele, as pessoas não
querem acreditar que "se faz algo sério neste país" e que as coisas melhoram. "Então, tem que
ter alguma mutreta. Quando
começaram a cair os números,
eu fui acusado de fazer maquiagem. Hoje, todo mundo aceita
que desde 1999 está caindo."
(JOHANNA NUBLAT, ROGÉRIO PAGNAN e EVANDRO SPINELLI)
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