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Viradouro celebra o mangueirense Cartola
No centenário do compositor, a escola de Niterói traz samba-enredo com trechos da canção "As Rosas Não Falam"
A cantora Beth Carvalho, outra célebre mangueirense, também desfilará pela escola em homenagem ao compositor
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em seus cem anos, o compositor Cartola, um dos fundadores e ícone da Mangueira, não
será celebrado pela verde-e-rosa, que preferiu desenvolver
um enredo patrocinado sobre o
centenário do frevo. Já a niteroiense Viradouro se apressou
em fazer a homenagem ao compositor e, de quebra, terá em
seu desfile a cantora Beth Carvalho, brigada desde 2007 com
a direção da Mangueira.
Em seu enredo sensorial "É
de Arrepiar", a Viradouro retratará Cartola e sua música como um "arrepio de saudade",
conta Paulo Barros, carnavalesco da escola.
"O Cartola aparece no enredo quando falo da última sensação de arrepio, que é a saudade.
Faço referências a grandes
sambas-enredo que arrepiaram na história dos desfiles do
Carnaval carioca. Fizemos a sinopse [do enredo] em verso e
decidimos fechar com o Cartola, a maior representação da
poesia, e pelo aniversário dele."
Para fazer a homenagem,
Barros diz que escolheu "As
Rosas Não Falam", cujos versos
integram refrão do samba-enredo: "Bate outra vez o meu
coração/Pois já vai terminando
o verão/As rosas não falam, na
Viradouro exalam/O perfume
de uma canção."
Diante da escolha da música,
uma das mais famosas de Cartola, Barros conta que surgiu a
idéia de convidar Beth Carvalho, intérprete mais conhecida
de "As Rosas". "Ela foi escolhida por sua relação com a música", disse Barros.
Convidada pelo carnavalesco, Beth Carvalho diz que recusou inicialmente. "Recebi um
telefone do Paulo Barros para
sair na escola na homenagem
ao Cartola, com a música que
eu consagrei. Mas, mesmo assim, inicialmente eu não aceitei." Ela precisou ouvir o samba
para mudar. "Daí mandaram o
samba, que é irresistível, pois
cita os versos do Cartola. Achei
linda a homenagem que vou fazer ao Cartola e à Mangueira."
Em 2007, Beth foi impedida
de desfilar na Mangueira por
integrantes da Velha Guarda,
que vinham no último carro,
onde ela queria desfilar. Desde
então, diz, não foi mais à quadra da escola e aguarda "um pedido oficial de desculpas". "O
pedido não veio. Mas as diretorias passam, e a Mangueira fica.
É maior que tudo isso."
Adaptação
A Viradouro decidiu não recorrer da decisão da Justiça
que proibiu o desfile de um carro que reproduzia uma pilha de
corpos, em alusão aos judeus
mortos no Holocausto, e trazia
um destaque fantasiado do nazista Adolf Hitler.
O carnavalesco Paulo Barros
preferiu adaptá-lo e transformá-lo em uma crítica ao cerceamento da liberdade de expressão. Operários do barracão começaram a trabalhar na alegoria já na quinta-feira para
aprontá-la até a noite de hoje.
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