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Teste acha outro peixe em 2 marcas de atum
Estudo da ProTeste apontou que latinhas das marcas Alcyon e Rubi traziam o peixe bonito, que é menos nobre e mais barato
Consumidor é lesado ao pagar por produto mais caro, diz órgão; para especialista, seria preciso gosto apurado para notar a diferença
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Cada vez mais o consumidor
precisa estar atento, com um
olho no peixe e outro no gato.
Principalmente no peixe. O órgão de defesa do consumidor
ProTeste divulgou um estudo
mostrando que latinhas de
duas marcas -Alcyon e Rubi-
que deveriam ter atum ralado
traziam, na verdade, o peixe conhecido como bonito.
Tanto ele como o atum pertencem à mesma família e têm
sabores parecidos. O atum, no
entanto, é considerado uma
carne mais nobre. Algumas espécies estão ameaçadas de extinção e são de pesca restrita.
Essa diferença se reflete nos
preços: o quilo do atum custa
R$ 10,83 em média na Ceagesp
-central de venda de alimentos em São Paulo- e o do bonito, R$ 1,30.
Segundo Fernanda Ribeiro,
pesquisadora da ProTeste, "o
consumidor está sendo lesado
quando paga por um produto
muito mais caro e leva outro".
Ela explica que foi examinado o DNA dos peixes presentes
nas latas. Alcyon e Rubi traziam peixes dos gêneros Auxis
e Euthynnus, respectivamente,
que são tipos de bonito, segundo parâmetros para a produção
de conservas definidos pela
portaria 63/2002 do Ministério da Agricultura. A grande
maioria dos peixes considerados atum é do gênero Thunnus.
O estudo verificou que as
marcas Pescador, Coqueiro,
Big Fish e Gomes da Costa traziam atum em suas latas. O teste não conseguiu definir qual o
peixe nas latas da marca CPC, o
que não representa uma irregularidade, segundo a ProTeste, já que o preparo do produto
(cozimento) pode impossibilitar a análise do DNA.
Em outro teste, em que foram analisadas marcas de atum
ralado ao natural (com água), a
Rubi também foi testada e foi
aprovada. A ProTeste não divulga o nome do laboratório
que realizou os testes por entender que poderia haver pressões de empresas. Foram analisadas 25 latas de cada produto.
Semelhanças
Segundo especialistas em
peixe, as diferenças não são
grandes entre atum e bonito.
Pedro Abate, que tem 40
anos de pesca e é dono do restaurante de comida japonesa
Mitsuyoshi, em São Paulo, afirma que o consumidor teria que
ter um gosto muito apurado para notar a diferença entre os
dois peixes na forma enlatada.
"Esses peixes são industrializados, cozidos. Só um especialista para notar a diferença."
Quando consumidos crus, há
uma "diferença brutal", afirma
Abate, pois a carne de atum é
muito mais gostosa. Ele explica
que a carne do bonito tem muito sangue e, por isso, seu valor
comercial é baixo.
Segundo Fábio Porto-Foresti, do Laboratório de Genética
de Peixes da Unesp, atum e bonito são da mesma família, a dos
Scombridae. Em termos científicos, explica, as diferenças são
poucas. Na família, há espécies
que se diferenciam por listras
ou manchas, por exemplo.
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