ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cláudio Chirinhan, cujo apelido em casa era Sabiá, estreou na TV no fim dos anos 1990, preso numa caixa. Com trilha de suspense ao fundo, o apresentador Ratinho prometia mostrar aos telespectadores da Record um ET.
Estrábico, 1,40 m, menos de 40 kg e voz esganiçada, Cláudio saiu da caixa dias depois da promessa do apresentador, não mais como Sabiá. Sem camisa e de shorts, ET foi exibido tentando bater com um porrete no repórter Rodolfo, com quem viria a formar uma dupla.
Na época, as emissoras brasileiras travavam uma agressiva disputa por audiência. Ganhava quem caprichasse mais na baixaria. ET e Rodolfo foram contratados pelo SBT. Filho de um motorista e de uma dona de casa, Cláudio havia sido funcionário da Prefeitura de Osasco, responsável por entregar contas do IPTU.
Na TV, a dupla entrava na casa de famosos para acordá-los com buzinas. Cláudio era constantemente chamado por nomes pejorativos pelo colega humorista, como "tripa de mico" e "trocinho".
Segundo o irmão Fábio, que no começo ameaçou processar Rodolfo se a imagem do irmão fosse explorada e descartada em seguida, a alegria de Cláudio era fazer TV. Em 2004, ele trabalhou dois meses no programa do Raul Gil, na Record. Depois, fez um comercial. E só. Doente desde janeiro, morreu ontem, aos 46, de problemas cardíacos e pulmonares, no esquecimento.

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