São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ADMINISTRAÇÃO

Projeto de substituição de lâmpadas de rua, parcialmente financiado pela Eletrobrás, pode ser suspenso

Dívida de luz ameaça programa municipal

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Dívidas não pagas da Prefeitura de São Paulo podem comprometer o principal programa de iluminação pública da cidade. O Reluz, que prevê a troca de 421 mil lâmpadas de rua, corre o risco de ser suspenso por falta de pagamento à concessionária que fornece energia, a AES Eletropaulo.
Uma carta enviada no dia 21 de fevereiro pelo diretor-presidente da empresa, Eduardo José Bernini, ao prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), aponta o problema: a administração municipal ainda não pagou uma parcela de R$ 2,3 milhões, cujo vencimento ocorreu em 31 de dezembro de 2004 (último dia da gestão da petista Marta Suplicy), referente à instalação -já realizada- de 19 mil pontos de luz.
Sem a quitação dessa dívida, o financiamento da Eletrobrás (ligada ao Ministério das Minas e Energia) pode ser cancelado ainda neste mês, pois é necessária a contrapartida da prefeitura. Nesse caso, R$ 120 milhões deixariam de ser aproveitados na cidade.
Na carta, o diretor da concessionária diz ainda que a continuação do Reluz depende da normalização do pagamento da conta de iluminação pública.
As envolvidas dizem estar negociando os débitos (leia texto nesta página).
A prefeitura tem sido cobrada pela AES Eletropaulo também por dívidas referentes ao fornecimento de energia a prédios públicos e à manutenção da rede de iluminação pública. A de curto prazo, de novembro de 2004 a fevereiro de 2005, já passa de R$ 40 milhões. A de longo prazo passa de R$ 500 milhões, incluindo débitos das gestões dos ex-prefeitos Paulo Maluf (PP), Celso Pitta (PSL) e Marta Suplicy (PT).
Lançado em 2000 em todo o país, o Reluz (Programa Nacional de Iluminação Pública Eficiente) prevê gastos de R$ 187 milhões só em São Paulo. A prefeitura se responsabiliza por 25% dos custos -sendo que parte desse valor é coberto pela Cosip, conhecida como taxa da luz (R$ 3,50 por residência por mês). O restante seria financiado pela Eletrobrás.
Em São Paulo, 49,5 mil pontos já receberam lâmpadas de sódio (com luz amarelada), no lugar das de mercúrio. Isso representa apenas 10% do número total que deverá ser trocado nos próximos dois anos. Segundo o Ilume (Departamento de Iluminação Pública da prefeitura), elas são até quatro vezes mais potentes e consomem 30% a menos de energia.
Além das dívidas de energia, Serra está tendo de negociar com a Sabesp, que cobra contas não pagas do fornecimento de água para prédios públicos e do tratamento de esgoto desses imóveis.
Segundo Wilson Bernardelli, superintendente de finanças da Sabesp, a dívida é de R$ 286 milhões, sendo que a maior parte (R$ 227 milhões) está sendo cobrada judicialmente. O restante é referente a cobranças não pagas por Marta Suplicy em 2004.


Texto Anterior: Crimes tiveram queda no Estado
Próximo Texto: Outro lado: Negociação está em curso, dizem as envolvidas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.