São Paulo, sábado, 03 de abril de 2004

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CRIME EM PERDIZES

Juiz concede temporária, de 15 dias, após funcionário de produtora acusar rapaz e confessar tê-lo ajudado

Filho de empresário tem prisão decretada

SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL

O universitário Gil Greco Rugai, 20, teve a prisão temporária, por 15 dias, decretada na manhã de ontem pelo juiz Cassiano Ricardo Zorzi Rocha, do Tribunal do Júri de Pinheiros, sob suspeita de ter sido o autor dos disparos que mataram o pai dele, o empresário Luiz Rugai, 40, e sua mulher, Alessandra, 33. Mas, até a noite de ontem, ele não havia sido localizado.
Além de Gil, o juiz decretou a prisão de um funcionário da produtora das vítimas, a Referência Filmes. O funcionário teria apontado o universitário como autor dos assassinatos -cuja apuração corre em segredo de Justiça- e confessado tê-lo ajudado a entrar na casa, abrindo um dos portões.
O crime aconteceu por volta das 21h do último domingo, na casa das vítimas, uma construção de alto padrão em Perdizes (zona oeste de SP). Rugai foi morto com seis tiros. Alessandra, com quatro. Perto dos corpos, encontrados a três metros de distância um do outro, havia pelo menos oito estojos de pistola 380. Foram eles o primeiro indício da polícia contra o filho mais velho de Rugai.

Coldre e curso de tiro
Na última quarta-feira, na quarta perícia feita na casa das vítimas, os investigadores localizaram uma nota fiscal de compra de um coldre fabricado exatamente para pistolas 380. Emitida em nome de Gil Greco, a nota estava guardada no quarto do universitário.
No mesmo local havia ainda diversos estojos -com ou sem munição- desse mesmo calibre usado no crime, além de uma dezena de cartões de lojas de venda de armamentos e de um certificado de conclusão de um curso de tiro que o rapaz concluíra recentemente.
Entre a noite de quinta e a manhã de sexta, somou-se aos rastros na casa o depoimento do funcionário da Referência. Foi esse conjunto de indícios a base do pedido de prisão do rapaz.
Filho mais velho de Rugai e fruto de seu primeiro casamento, Gil é ex-seminarista (estudou teologia por um ano) e estuda administração. Ele trabalhava no departamento financeiro da produtora do pai, que funcionava em dois dos três andares da casa.
Na terça anterior ao crime, porém, havia sido afastado, pois Rugai teria descoberto um desfalque de mais de R$ 100 mil na empresa. Os dois brigaram, e Gil -que registrara em dezembro sua própria agência de publicidade- saiu de casa, indo morar com a mãe.
Na mesma semana, Rugai mandou trocar as fechaduras do imóvel, pediu ao gerente de sua conta corrente que desconfiasse de movimentações volumosas e comprou equipamentos para um circuito interno de segurança. Morreu, porém, nas últimas 12 horas antes de a casa começar a ser monitorada por 12 câmeras.

Cachorro e vigias
Desde o início da investigação, Gil Rugai era o principal suspeito da polícia. Além da troca de fechaduras -que sugere que Rugai temia alguém próximo- , há quatro indícios de que nenhum estranho entrou na casa: nada foi roubado, o cachorro não latiu, nenhuma porta externa foi arrombada e os vigias não viram nenhuma movimentação estranha antes dos disparos.
A principal desconfiança da polícia é que o assassino tenha entrado pela casa pelo portão dos fundos e agredido uma das duas vítimas ainda na sala de ginástica, onde foi encontrada uma mancha de sangue. A vítima -Alessandra ou Rugai- teria corrido.
Alessandra foi morta tentando entrar em casa pela porta da copa -um dos tiros foi dado à queima-roupa, nas costas. Rugai foi arrancado de dentro do home theater, cuja porta foi arrombada. A posição de seus braços -postados sobre a cabeça- sugere que ele foi forçado a se deitar.
Gil foi visto pela última vez na quinta, na casa da avó paterna. Segundo emissoras de TV, cortou o cabelo, fez a barba e trocou os óculos. Desde a manhã de ontem, é procurado por cerca de 50 homens. Nas casas de parentes, no entanto, ninguém foi localizado.


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