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CRIME EM PERDIZES
Juiz concede temporária, de 15 dias, após funcionário de produtora acusar rapaz e confessar tê-lo ajudado
Filho de empresário tem prisão decretada
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
O universitário Gil Greco Rugai,
20, teve a prisão temporária, por
15 dias, decretada na manhã de
ontem pelo juiz Cassiano Ricardo
Zorzi Rocha, do Tribunal do Júri
de Pinheiros, sob suspeita de ter
sido o autor dos disparos que mataram o pai dele, o empresário
Luiz Rugai, 40, e sua mulher, Alessandra, 33. Mas, até a noite de ontem, ele não havia sido localizado.
Além de Gil, o juiz decretou a
prisão de um funcionário da produtora das vítimas, a Referência
Filmes. O funcionário teria apontado o universitário como autor
dos assassinatos -cuja apuração
corre em segredo de Justiça- e
confessado tê-lo ajudado a entrar
na casa, abrindo um dos portões.
O crime aconteceu por volta das
21h do último domingo, na casa
das vítimas, uma construção de
alto padrão em Perdizes (zona
oeste de SP). Rugai foi morto com
seis tiros. Alessandra, com quatro. Perto dos corpos, encontrados a três metros de distância um
do outro, havia pelo menos oito
estojos de pistola 380. Foram eles
o primeiro indício da polícia contra o filho mais velho de Rugai.
Coldre e curso de tiro
Na última quarta-feira, na quarta perícia feita na casa das vítimas,
os investigadores localizaram
uma nota fiscal de compra de um
coldre fabricado exatamente para
pistolas 380. Emitida em nome de
Gil Greco, a nota estava guardada
no quarto do universitário.
No mesmo local havia ainda diversos estojos -com ou sem munição- desse mesmo calibre usado no crime, além de uma dezena
de cartões de lojas de venda de armamentos e de um certificado de
conclusão de um curso de tiro que
o rapaz concluíra recentemente.
Entre a noite de quinta e a manhã de sexta, somou-se aos rastros na casa o depoimento do funcionário da Referência. Foi esse
conjunto de indícios a base do pedido de prisão do rapaz.
Filho mais velho de Rugai e fruto de seu primeiro casamento, Gil
é ex-seminarista (estudou teologia por um ano) e estuda administração. Ele trabalhava no departamento financeiro da produtora
do pai, que funcionava em dois
dos três andares da casa.
Na terça anterior ao crime, porém, havia sido afastado, pois Rugai teria descoberto um desfalque
de mais de R$ 100 mil na empresa.
Os dois brigaram, e Gil -que registrara em dezembro sua própria
agência de publicidade- saiu de
casa, indo morar com a mãe.
Na mesma semana, Rugai mandou trocar as fechaduras do imóvel, pediu ao gerente de sua conta
corrente que desconfiasse de movimentações volumosas e comprou equipamentos para um circuito interno de segurança. Morreu, porém, nas últimas 12 horas
antes de a casa começar a ser monitorada por 12 câmeras.
Cachorro e vigias
Desde o início da investigação,
Gil Rugai era o principal suspeito
da polícia. Além da troca de fechaduras -que sugere que Rugai
temia alguém próximo- , há
quatro indícios de que nenhum
estranho entrou na casa: nada foi
roubado, o cachorro não latiu, nenhuma porta externa foi arrombada e os vigias não viram nenhuma movimentação estranha antes
dos disparos.
A principal desconfiança da polícia é que o assassino tenha entrado pela casa pelo portão dos fundos e agredido uma das duas vítimas ainda na sala de ginástica,
onde foi encontrada uma mancha
de sangue. A vítima -Alessandra
ou Rugai- teria corrido.
Alessandra foi morta tentando
entrar em casa pela porta da copa
-um dos tiros foi dado à queima-roupa, nas costas. Rugai foi
arrancado de dentro do home
theater, cuja porta foi arrombada.
A posição de seus braços -postados sobre a cabeça- sugere que
ele foi forçado a se deitar.
Gil foi visto pela última vez na
quinta, na casa da avó paterna. Segundo emissoras de TV, cortou o
cabelo, fez a barba e trocou os
óculos. Desde a manhã de ontem,
é procurado por cerca de 50 homens. Nas casas de parentes, no
entanto, ninguém foi localizado.
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