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CRIME NO JUDICIÁRIO
Para advogado, há mais envolvidos no assassinato, de 2003
Pai de juiz morto no Espírito Santo acredita em complô de magistrados
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM VITÓRIA
Em meio à reviravolta nas investigações da morte do seu filho,
com a prisão do juiz Antônio Leopoldo Teixeira, indiciado como
mandante do crime, o advogado
Alexandre Martins de Castro, 59,
em entrevista exclusiva à Folha,
declarou que mais de um juiz está
envolvido no crime.
Em 24 de março de 2003, o juiz
Alexandre Martins de Castro Filho, 32, foi morto com três tiros,
em Vila Velha (Grande Vitória),
em frente à academia que freqüentava. Como executores do
crime, dois homens foram condenados a 25 anos e oito meses e a 24
anos e seis meses de prisão.
Na época, Castro Filho era o titular da 5ª Vara Criminal (Execuções Penais) de Vitória, em substituição a Antônio Leopoldo Teixeira, agora implicado no crime.
O pai do juiz morto afirmou que
não pode citar nomes, em razão
de haver segredo de Justiça sobre
os autos do inquérito policial.
Para levar a público as informações que sustentavam as suspeitas
contra o juiz Teixeira, o secretário
da Segurança Pública do Estado,
Rodney Rocha Miranda, obteve
na Justiça uma autorização para
divulgar partes do inquérito, que
ele revelou na segunda passada,
restringindo-se ao nome de Teixeira e a seus supostos crimes.
"Há uma recomendação de sigilo da Justiça, eu não devo mencionar nomes. Mas isso é de conhecimento tanto da polícia como agora do Tribunal [de Justiça do Estado]. No dia do crime, cerca de 30
minutos depois, tinha um juiz na
delegacia, que pressionou uma
testemunha para mudar o depoimento para aquela versão ridícula
de latrocínio. Eu percebi que esse
juiz poderia até não ter ligação
com o mando do crime, mas estava ali à disposição de quem mandou", disse Castro.
Ainda segundo Castro, outro
magistrado foi ao palácio do governo no dia do crime para tentar
participar da reunião do Executivo que discutia o assassinato. Castro disse que esse juiz se apresentou como representante do Tribunal de Justiça, o que seria falso.
"É fácil perceber um esquema
previamente articulado. O crime é
perpetrado às 8h, às 8h30 tem um
juiz na delegacia para tumultuar e
outro juiz no palácio do governo.
Eu acredito que tenha havido um
complô para matar meu filho."
Segundo o advogado, seu filho
passou a sofrer ameaças de morte
mais constantes do que já recebia
após ter feito uma representação
contra o juiz Teixeira, em novembro de 2001, na Corregedoria do
Tribunal de Justiça do Estado.
Castro Filho denunciava um suposto esquema capitaneado por
Teixeira dentro da 5ª Vara Criminal (Execuções Penais) de Vitória
de venda de sentenças e mudança
de regime de detenção de fechado
para semi-aberto a presos, em
troca de quantias em dinheiro.
Por uma mudança de regime,
por exemplo, o preço cobrado era
de R$ 20 mil, segundo o depoimento de uma testemunha.
O pai do juiz assassinado crê
que agora, com a relação do juiz
Teixeira com o crime, a questão
do mando começa a ser desvendada. Castro, que divide seu tempo entre Espírito Santo e Rio, anda acompanhado em tempo integral de um guarda-costas pessoal.
Na sexta-feira, um dos defensores do juiz preso, Fabrício Campos, afirmou que o pedido de prisão "foi uma medida precipitada"
e que seu cliente não iria impor
obstáculos à condução das investigações complementares requisitadas pela Justiça. Ele afirmou que
seu cliente foi preso com base em
"meras suposições".
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