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NOVA FAMA
Severinos contam que ser homônimo do político agora nacionalmente conhecido traz um pouco de desconforto
Severino Cavalcanti é analisado por xarás
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA
No princípio, era o nome -e ele
era santo e bom. Depois virou adjetivo, sinônimo da miséria do retirante nordestino. Agregou um
tanto de preconceito, mas a poesia pode tudo e tinha a melhor das
intenções. Até que aos céus da política ascendeu Severino Cavalcanti (PP), 74, o novo presidente
da Câmara dos Deputados.
Pernambucano de João Alfredo,
no agreste do rio Capibaribe,
egresso do chamado baixo clero
do Congresso, Cavalcanti inundou jornais, rádios e TVs com um
discurso pontuado de regionalismos nem sempre compreendidos
e atitudes que os homens de boa
vontade chamam de transparência, e os outros de desfaçatez. Para
muitos, ser homônimo do político agora nacionalmente famoso
ficou meio desconfortável.
"Cheguei a pensar: por que não
chamam o deputado de Cavalcanti? O Eduardo não é Suplicy? O
Antonio não é Palocci? O Geraldo
não é Alckmin? ", pergunta o professor e escritor Severino Antonio
Moreira Barbosa, 53, que é neto e
pai de Severino.
Para o professor e escritor, porém, a atuação do presidente da
Câmara tem um lado bom. "Ele
expõe cruamente várias de nossas
precariedades públicas e privadas. Nesse sentido, é uma experiência pedagógica."
Será? É o que a Revista foi perguntar a xarás, das mais variadas
profissões.
"O presidente da Câmara não
deve ser ridicularizado por ser um
Severino pernambucano. A justa
crítica à sua maneira corporativista e fisiológica de fazer política se
enfraquece ao se adicionar preconceito ao discurso. Essa onda
toda em torno do jeito pitoresco
de ser de Severino Cavalcanti serve para deixar livre o caminho para outros políticos, apenas superficialmente diferentes dele, agirem do mesmo modo", afirma Severino Toscano do Rego Melo, 44,
pernambucano de Paudalho, professor de matemática da USP.
Já a doméstica Severina Maria
Aguiar, 41, pernambucana, diz:
"Acho o comportamento dele escabroso, mas não me venham
com essa história de "somos todos
Severinos'". Chamada de Mina ou
Menininha, ela, que nunca gostou
do nome, conta que a carga ficou
pior depois de Cavalcanti.
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