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Depoimentos de testemunhas basearam pedido
Folha apurou que principal argumento usado por delegado foram os relatos sobre uma briga antes de a menina morrer
Expectativa era que o casal se entregasse durante a madrugada; caso isso não ocorresse, eles passariam a ser considerados foragidos
LUÍS KAWAGUTI
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça decretou ontem à
noite a prisão temporária por
30 dias do casal Alexandre Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, pai e madrasta da menina Isabella Oliveira Nardoni, 5, morta no último sábado na zona norte.
A expectativa da polícia era
que o casal se entregasse na
madrugada. Se isso não ocorrer, eles passariam a ser considerados foragidos e podem ser
presos a qualquer momento.
A polícia não informou em
que baseou o pedido de prisão,
sob o argumento de não atrapalhar o caso. O delegado Calixto
Calil Filho, do 9º DP e responsável pelas investigações, já havia apontado várias divergências no depoimento do pai.
A Folha apurou que o principal argumento do delegado para encaminhar o pedido de prisão foram os depoimentos de
várias testemunhas, relatando
uma briga momentos antes de
a menina morrer, e o da mãe de
Isabella, Ana Carolina de Oliveira, ontem pela manhã.
Anteontem, o delegado tinha
afirmado que duas testemunhas disseram ter ouvido gritos
de "pára, pai" no sexto andar do
prédio onde o casal mora no dia
da morte da menina.
Na mesma decisão em que
decretou a prisão do casal, o
juiz Mauricio Fossen, da 2ª Vara do Júri do fórum de Santana
(zona norte), determinou o sigilo do inquérito policial.
O pedido do delegado teve
parecer favorável do Ministério Público -que designou o
promotor Sérgio de Assis para
acompanhar o caso.
Ricardo Martins de São José
Filho, um dos advogados do casal deixou o 9º DP, ontem à
noite, sem falar com os jornalistas. Segundo a polícia, eles
disseram terem ido ao DP para
se informar sobre o pedido de
prisão, mas não se comprometeram em levar o casal à polícia.
Anteontem, o advogado havia dito que seus clientes vão
provar sua inocência (leia texto
na pág. C4).
A polícia esteve ontem à noite na casa do pai do consultor,
mas deixou o local após conversar com parentes.
Caída no chão
Isabella foi achada no jardim
do prédio onde mora seu pai. A
menina, que vivia com a mãe,
tinha passado o dia com o pai,
com a madrasta e com os dois
irmãos por parte de pai.
Nardoni relatou à polícia
que, ao chegar ao prédio com a
família, as três crianças dormiam e que, por isso, ele subiu
primeiro com Isabella.
Disse que deixou a menina na
cama e voltou à garagem para
ajudar a mulher com as duas
outras crianças. Ao voltar ao
apartamento, segundo esse relato, Isabella já não estava lá.
Em depoimento ontem, o
sargento da PM Luiz Carvalho,
que estava no primeiro carro
policial a chegar ao prédio, na
noite de sábado, disse que Nardoni relatou aos PMs, na ocasião, ter visto uma pessoa dentro do apartamento jogar a menina pela janela.
Por isso, após a menina ser
levada ao hospital, a polícia cercou o prédio e fez uma varredura, mas não achou ninguém.
Ameaça
Em 2003, a mãe de Isabella
registrou um boletim de ocorrência contra Nardoni por
"ameaça". Datado de 12 de setembro daquele ano, o documento relata que o consultor
não aceitava que a filha, então
com um ano e quatro meses,
fosse colocada numa escola.
Teria passado, então, a ameaçar de morte Ana Carolina e a
mãe dela, Rosa, além de afirmar
que iria "sumir com a menina".
A Folha não conseguiu apurar
como foi a investigação e se
houve desdobramento judicial.
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