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Base de Lula se opõe à MP de venda de bebida em estradas
Aprovação da medida provisória ficou inviabilizada, avaliam líderes do governo
Restrição vigora desde fevereiro, após MP; governo se dispôs a ceder e liberar venda nas áreas de rodovias federais dentro de cidades
MARTA SALOMON
ÂNGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Resistências generalizadas
na base de apoio do governo inviabilizam a aprovação da MP
que vetou a venda de bebidas
alcoólicas nas rodovias federais
desde fevereiro, segundo avaliação feita ontem em reunião
de líderes governistas com o relator da matéria, o deputado
Hugo Leal (PSC-RJ). A votação
não tem data.
O governo se dispôs a ceder
na proposta original e liberar a
venda nas áreas de rodovias federais localizadas dentro de cidades. Mas nem essa proposta
reverteu a resistência de partidos da base, inclusive o PT.
As chances de aprovação da
proibição de vendas nas estradas foram consideradas nulas,
apesar da disposição do relator
Hugo Leal de liberar não apenas a venda em perímetro urbano como o comércio de bebidas alcóolicas nas estradas federais, desde que não seja destinado ao consumo imediato.
O deputado defende algumas
idéias mais radicais do que as
do projeto, como reduzir a zero
o nível de álcool permitido para
motoristas, hoje, em 0,6 mg por
litro de sangue, o equivalente a
cerca de dois chopes, e restringir imediatamente a propaganda de cerveja.
A proibição de venda de bebidas nas estradas federais vigora
desde fevereiro por força da
MP editada pelo presidente Lula. No Congresso, o texto pode
ser derrubado, mantido ou alterado. A votação da proposta
do relator depende da análise
de outras seis MPs que a antecedem na pauta da Câmara.
Para enfrentar as resistências de deputados e senadores à
proposta de restringir a publicidade de cerveja, o governo
distribuirá, a partir da próxima
semana, uma cartilha aos parlamentares, que já receberam
uma publicação semelhante do
Sindicerv (Sindicato Nacional
da Indústria da Cerveja).
Hoje, só é proibida a veiculação de propaganda entre as 6h e
as 21h de bebidas com teor alcoólico acima de 13%, o que não
atinge a cerveja. O governo propôs que o veto alcance bebidas
com mais de 0,5% de álcool.
Os dois materiais têm formato semelhante -perguntas e
respostas. E algumas das questões são quase idênticas.
Exemplo: o que pensa a população sobre a regulamentação da propaganda? "Estudo da
Secretaria Nacional Antidrogas
e da Universidade Federal de
São Paulo, de 2007, aponta que
68% da população apóia medidas de regulamentação da propaganda", diz o manual do ministério. "Que uma nova lei não
é solução para um problema
complexo", diz a cartilha da indústria, citando pesquisa do
Instituto de Pesquisas Sociais,
Políticas e Econômicas, segundo a qual "65% dos entrevistados acreditam que a proibição
teria pouco ou nenhum efeito".
O Ministério da Saúde terá
que enfrentar um mercado que
fatura mais de R$ 19 bilhões
por ano e gastou, em publicidade, R$ 751 milhões em 2006.
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