São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2008

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Relatório aponta erros de execução na obra do Fura-Fila

Documento foi feito pela SPTrans na manhã seguinte ao tombamento de viaduto de 800 t e 64 m de comprimento

No relatório, destacam-se como causas do acidente um desalinhamento no pilar, erro de geometria ou excesso de concreto em um dos lados

RICARDO SANGIOVANNI
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O relatório preliminar sobre as causas da queda de parte do viaduto do Fura-Fila (atual Expresso Tiradentes), na zona leste de São Paulo, aponta possíveis erros na execução da obra como as principais hipóteses para o acidente.
O documento foi produzido pela SPTrans, órgão da prefeitura, na manhã seguinte ao tombamento, ocorrido por volta das 23h30 de segunda-feira.
A prefeitura tentou contratar o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para investigar as causas do acidente, mas o acordo ainda não foi fechado. O consórcio responsável pela obra também irá produzir um laudo que deve ficar pronto em até 30 dias.
São cinco as possibilidades apontadas pela SPTrans, três delas referentes à execução: problemas de geometria, desalinhamento do pilar de sustentação e, ainda, "lançamento de concreto sem a devida compensação do lado oposto".
Especialistas ouvidos pela Folha consideram esse último item como o mais provável, já que esse tipo de obra é de fácil execução, mas exige um acompanhamento rigoroso.
O documento da SPTrans também ressalta esse grau de dificuldade. "Estamos desenvolvendo uma estrutura altamente sensível, porém absolutamente controlável", diz.
As outras duas possibilidades seriam ter havido um choque de um caminhão com a estrutura ou "fatores externos".
Para o engenheiro Amacin Rodrigues Moreira, professor de estruturas da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), essas causas seriam de "baixa probabilidade".
A peça fica a 6,3 metros de altura do nível do viaduto Grande São Paulo, onde a estrutura de 64 metros e 800 toneladas caiu. Ninguém ficou ferido.
A via liga o Ipiranga à zona leste da cidade, além de servir como acesso aos moradores do ABC à capital. Pelo menos 42 mil pessoas foram prejudicadas com a interdição do viaduto por 19 horas.
As obras no local do acidente estão paradas desde a segunda-feira. Elas devem ser retomadas após a análise do IPT.
Uma reunião entre a administração do município e o instituto deve ser realizada hoje, por volta das 14h, para tentar fechar o contrato.
A Secretaria de Transportes não fixou prazo para a entrega do laudo. O consórcio responsável pela obra informou que só falará após a conclusão do seu próprio laudo.


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