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Ex-ministro pede
aborto pelo SUS
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
O ex-ministro Carlos Albuquerque assinou pouco antes de deixar
a pasta da Saúde uma resolução
solicitando que o ministério regulamente e normatize o atendimento pelo SUS (Sistema Único de
Saúde) dos casos de aborto previstos no Código Penal.
Segundo a conselheira Margareth Arilha, uma das autoras da resolução feita pelo CNS (Conselho
Nacional de Saúde), a homologação significa que agora o ministério está obrigado a regulamentar e
normatizar esse tipo de atendimento na rede pública.
A assessoria jurídica do ministério tem posição diferente: o CNS
não tem poder de obrigar o ministro a fazer algo. A resolução foi
aprovada no CNS em novembro
do ano passado. A homologação
foi publicada no "Diário Oficial"
da União de anteontem.
O fato de Carlos Albuquerque ter
homologado a resolução significa,
segundo a assessoria jurídica do
ministério, que ele ia ordenar à
área técnica que regulamentasse e
normatizasse esse tipo de atendimento. No entanto, ele não chegou a fazer isso. De acordo com a
assessoria, caberá ao novo ministro, José Serra, tomar essa decisão.
Por essa interpretação, Serra é
quem deve decidir se o ministério
deve ou não regulamentar e normatizar o atendimento do aborto
no caso de risco à vida da mulher
ou de estupro.
"A publicação no "Diário Oficial'
significa que o ministério vai regulamentar e normatizar. Em seu
primeiro discurso, o ministro José
Serra já disse que a área da saúde
da mulher era prioritária para
ele", afirmou Margareth.
Serra assumiu o Ministério da
Saúde na terça-feira passada. A
primeira-dama do país, Ruth Cardoso, elogiou o ministro por colocar a saúde da mulher como prioridade. Ela é a favor da aprovação
do projeto de lei que tramita na
Câmara determinando que os hospitais do SUS sejam obrigados a
atender os casos de aborto previstos no Código Penal.
Albuquerque era contra o projeto. Ele dizia que iria pedir o veto
do presidente Fernando Henrique
Cardoso caso o texto fosse aprovado.
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