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NARCOTRÁFICO
Suspeito de ser testa-de-ferro de Augusto Farias fratura perna direita e vai a depoimento de maca
Ação da PF faz suspeito depor na CPI
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
MÁRIO MAGALHÃES
enviado especial a Maceió
O empresário
Marcos Tenório
Maia, apontado pela CPI do Narcotráfico como suspeito
de ser testa-de-ferro do deputado federal Augusto
Farias (PPB-AL), chegou ontem
de maca para depor na comissão
em Maceió.
Com a perna direita enfaixada,
Maia afirmou, ao mostrar radiografias, que fraturou o perônio
(osso da perna) em acidente de
moto no domingo.
Atestado médico enviado pelo
empresário recomendava-lhe repouso por 30 dias. Por isso, ele
queria falar em casa.
Deputados médicos da CPI disseram que Maia poderia depor na
Casa da Indústria, onde a comissão se instalou, se carregado com
cuidados. A Polícia Federal foi
buscar à força o empresário, que
aceitou ir até os deputados.
Até a conclusão desta edição,
seu depoimento não começara.
Maia é, oficialmente, sócio majoritário da Tigre Vigilância Patrimonial de Alagoas Ltda., empresa
que a CPI suspeita ser de Augusto.
Conforme a Folha revelou ontem, documentos obtidos pela
CPI na agência do Banco Rural
em Maceió mostram que o condomínio do apartamento do deputado foi pago, em fevereiro,
com dinheiro de conta da Tigre.
Farias nega que tenha participação na firma. Diz que entrega todos os meses dinheiro em espécie
para Maia, "ex-assessor e amigo
até hoje", pagar algumas contas
pessoais suas.
Outras investigações
O deputado Robson Tuma
(PFL-SP), sub-relator da CPI para
Alagoas, reafirmou que, se comprovada a suposta mentira de Augusto Farias sobre a propriedade
da Tigre, a comissão teria motivos
para propor à Câmara dos Deputados sua cassação.
Há outras investigações sobre
Augusto Farias em Maceió. A CPI
quer saber por que ele se tornou
um dos titulares da conta 97-000044-1 da agência 0035 do Banco Rural, em Maceió, em 1º de setembro de 1996. O outro titular é
seu irmão Luiz Romero Farias.
Até a véspera, a conta estava em
nome de Luiz Romero e Paulo César Cavalcante Farias, irmão dos
dois, assassinado no mês de junho daquele ano.
A conta de final 44-1 recebeu R$
150 mil de uma conta de PC (16/
09/96), transferiu R$ 164.917,26
para uma conta de Augusto (17/
09/96) e recebeu, da conta do deputado, R$ 179.801,42 (03/ 12/96).
O maior interesse da CPI é saber
por que mudou a titularidade da
antiga conta de PC com Luiz Romero, antes de Augusto Farias ser
nomeado pela Justiça tutor dos filhos de Paulo César.
A CPI também investiga a suposta participação do deputado
alagoano nas mortes de PC e Suzana Marcolino, em 23 de junho
de 1996. O deputado foi indiciado
pela polícia sob acusação de co-autoria dos homicídios. Ele nega.
A CPI reafirmou a convocação
do legista Badan Palhares, da Unicamp. Ele enviou fax dizendo ser
impossível viajar de Campinas
(90 km de SP) pelo atraso no
"convite" enviado pela comissão.
Robson Tuma disse ontem ter
recebido ligação de uma pessoa
-o deputado não quis identificá-la- narrando plano para assassiná-lo. A trama teria sido armada
por Eduardo Amaral, funcionário
da Secretaria de Segurança de
Alagoas e filho do ex-secretário de
Segurança José Amaral.
A Folha não conseguiu falar
com Eduardo Amaral. A segurança dos deputados aumentou de 80
para 120 homens.
Paraguai
Integrantes da CPI do Narcotráfico estão, desde ontem, reunindo-se com autoridades paraguaias em Assunção para tratar
de possíveis facilidades ao narcotráfico no Paraguai.
A primeira reunião havia sido
marcada para as 18h30 de ontem.
Nela, os deputados brasileiros
pretendiam debater com parlamentares paraguaios supostas facilidades existentes a traficantes
na "fronteira tríplice".
Até o fechamento desta, não havia sido anunciado o resultado do
encontro. Hoje, os integrantes da
comissão terão audiência com o
presidente paraguaio, Luis González Macchi.
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