São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007

Próximo Texto | Índice

Assassino de Liana escapa da Febem

Mentor do crime em que casal de namorados foi morto usou escada para pular muro de seis metros na unidade Tietê (zona norte)

18 funcionários e diretor foram afastados após a fuga; secretário se disse "insatisfeito" com as explicações dadas

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O mentor do seqüestro e assassinato do casal de namorados Liana Friedenbach, 16, e Felipe Caffé, 19, fugiu às 18h15 de ontem após pular um muro do complexo da Vila Maria (zona norte de SP) da Fundação Casa (ex-Febem). Ele estava internado desde novembro de 2003, quando cometeu o crime.
O rapaz, que hoje tem 20 anos, estava no setor administrativo da unidade Tietê do complexo. O local funcionava de maneira adaptada como um "seguro" (isolado dos demais internos) porque o jovem é jurado de morte. Um outro rapaz, de 17 anos, também fugiu.
Por conta da fuga do jovem, o diretor da unidade Tietê do complexo Vila Maria e todos os 18 responsáveis pela segurança do local no horário do incidente foram afastados de seus cargos.
A fundação abriu sindicância e hoje irá interrogar o guarda (de empresa terceirizada) que faz a segurança da muralha, de cerca de seis metros. O monitor responsável por cuidar dos dois jovens já foi ouvido.
A suspeita mais forte é a de que houve facilitação na fuga, pois a escada usada pelos dois rapazes era utilizada para uma obra na unidade Tietê e estava muito perto do local onde os jovens estavam trancados.
O crime provocou, na época, o clamor de parte da população para redução da maioridade penal. Já a fuga ocorre justamente quando o assunto está mais uma vez em pauta.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) impede a divulgação do nome de jovens que cometeram crimes quando tinham menos de 18 anos e estão sob custódia do Estado.
Pela lei, o assassino do casal de jovens deveria ter ficado na Febem até novembro de 2006 -três anos é o prazo máximo de internação de menores de idade. Mas a Justiça o considerou "incapaz" e o encaminhou a uma unidade psiquiátrica. Como o Estado não tem unidades desse tipo seguras, ele continuava na Febem.

Divulgação da fuga
Minutos depois da fuga, funcionários da unidade Tietê, alguns ligados às entidades sindicais da categoria, fizeram diversas ligações telefônicas para órgãos de imprensa para informar sobre o caso.
Ontem à noite, a Folha tentou, sem sucesso, localizar o diretor jurídico do Sitraemfa (sindicato dos trabalhadores da instituição), Júlio Alves, para que falasse sobre a suspeita de facilitação na fuga e a divulgação quase instantânea do fato.
O secretário de Estado da Justiça, Luiz Antonio Marrey, responsável pela Fundação Casa, foi ontem à noite à unidade e se disse "insatisfeito" com as explicações dadas pelo diretor do local para a fuga dos jovens.


Próximo Texto: Pai de Liana diz que irá processar o Estado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.