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Assalto a bancos foi o dobro do divulgado
Casos registrados pelas gestões Alckmin e Lembo de 2004 a 2006 foram revisados pelo governo Serra, que analisará todos os crimes
Com a correção, nš passou de 487 a 1.053 no período; "não sei por que mexer no passado; nem Deus pode mudá-lo", disse Lembo
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo
anunciou que vai fazer a revisão de todas as estatísticas criminais divulgadas desde 2004.
A medida foi adotada depois
que a recontagem de um dos
crimes, o roubo a banco, identificou o dobro de ocorrências divulgadas pelas gestões Geraldo
Alckmin (PSDB) e Cláudio
Lembo (DEM, ex-PFL).
Pelas estatísticas oficiais da
Secretaria da Segurança Pública, foram 487 assaltos a banco
no Estado de 2004 a 2006. Com
a revisão, o número de casos
passou para 1.053 (566 a mais).
"Não esperávamos essa grande diferença. O novo índice fala
por si só e recomenda uma revisão geral", disse o secretário
Ronaldo Marzagão -Saulo de
Castro Abreu Filho era o titular
da pasta à época da divulgação.
Marzagão não quis falar se
houve má-fé com o objetivo de
manipular os dados para baixar
as estatísticas. "Nem penso nisso. Tudo será apurado."
Ontem, procurado pela Folha, Lembo disse ter certeza de
que nos noves meses de sua
gestão os dados foram divulgados corretamente, com "transparência", e que confia em
Abreu Filho.
"Não sei por que mexer no
passado. Nem Deus pode mudá-lo." Alckmin foi procurado
pela Folha, mas não foi localizado -o ex-governador está
nos Estados Unidos.
A secretaria resolveu revisar
os dados de roubo a banco após
a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) divulgar, em
abril, índices da capital paulista
superiores aos oficiais.
A revisão da secretaria revelou números na cidade superiores aos da própria Febraban
-um banco não é obrigado a
relatar um assalto à entidade,
mas tem de registrar o boletim
de ocorrência na polícia (documento que é base para a elaboração das estatísticas oficiais).
Segunda a estatística revisada, ocorreram 67 assaltos a
banco na capital paulista no
primeiro trimestre de 2007. O
levantamento da Febraban
apontou 55 casos.
Ontem, ao meio-dia, a agência da Caixa Econômica Federal localizada dentro das dependências do Shopping Interlar, em Aricanduva (zona leste
de SP), foi assaltada por sete ladrões. Três foram presos logo
depois, e os malotes com dinheiro foram recuperados.
Falha
Segundo Marzagão, a falha
na estatística ocorreu no
preenchimento de dados na delegacia. Ao informar os dados
trimestrais em planilha a ser
enviada à secretaria, policiais
registram números errados.
A falha foi descoberta na
comparação entre o boletim de
ocorrência registrado no distrito e as informações descritas na
planilha eletrônica. Com a revisão, o governo adiou para julho
a divulgação dos dados do primeiro trimestre -exceto de
roubo a banco, já revisados.
Marzagão afirma que determinou que a Corregedoria da
Polícia Civil investigue o caso.
Segundo ele, o órgão definirá se
o policial que informou erroneamente será punido ou não.
A Delegacia Geral de Polícia
também determinou que todos
os delegados revisem seus boletins de ocorrência desde 2004.
"Será um trabalho de fôlego.
Mas não dá para trabalhar com
os números atuais."
A CAP já revisava os boletins
de ocorrência, mas por amostragem -cerca de 7% dos cerca
de 500 mil boletins registrados
por trimestre. Em alguns crimes mais violentos -homicídio e latrocínio, por exemplo-
a revisão é de 100%.
Agora, a CAP vai comandar a
revisão de mais de 6,5 milhões
de boletins de ocorrência registrados entre 2004 e o primeiro
trimestre deste ano.
Essa não é a primeira vez que
o governo de São Paulo anuncia
a revisão de estatísticas. Em
2002, Geraldo Alckmin determinou que os dados de homicídios dolosos de 1999 e 2000
fossem revistos após a Folha
noticiar a omissão de assassinatos nas estatísticas do interior paulista.
Colaborou ROGÉRIO PAGNAN, da Reportagem
Local
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