São Paulo, domingo, 03 de maio de 2009

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Vagas tamanho "p" criam confusão em condomínios

Garagens viram alvo de reclamações por causa do aumento dos carros utilitários

Demarcação de espaço para veículos foi regulamentada em 1992, quando a frota de carros de grande porte era menor do que a de hoje

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Achar um lugar para estacionar em São Paulo não é um problema apenas nas ruas. Nos condomínios, a presença cada vez maior de veículos grandes, entre eles utilitários como minivans que não cabem na maioria das vagas que são de tamanho "p", é motivo de conflitos e muita reclamação.
De um lado, os donos dos carrões reclamam da falta de vagas grandes e se engalfinham em assembleias de divisão buscando garantir as maiores.
Do outro, os que têm carros menores reclamam que os utilitários invadem suas vagas e frequentemente ficam com a frente ou a traseira no corredor, dificultando manobras.
Os dois grupos apontam riscos nas portas como resultado de carros grandes e pequenos lado a lado, em vagas pequenas.
A origem da confusão pode estar em 1992, quando foi regulamentado o Código de Obras da prefeitura. Nele, está definido que vagas pequenas ("p") terão no mínimo 2 m de largura e 4,2 m de comprimento -medida menor que a de carros lançados muitos anos depois, como Corolla ou Honda Civic.
Algumas construtoras tentam fugir dessas medidas para dar mais conforto, mas o setor imobiliário aponta barreiras como o aumento do custo dos empreendimentos.
O Código de Obras estabelece ainda que 50% das vagas que o prédio obrigatoriamente precisa ter -uma para apartamentos de até 150 m2, por exemplo- sejam pequenas. Outros 45% de "m" -medida que comporta hoje boa parte dos utilitários- e apenas 5% "g" -para utilitários maiores e minivans.
Se esses parâmetros permanecem desde 1992, o que teve, sim, uma alteração foi a venda de utilitários. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o segmento vendeu 128 mil unidades naquele ano, enquanto que em 2008 foram 477 mil no país.
Para Márcio Rachkorsky, presidente da Assosíndicos (Associação dos Síndicos do Estado de São Paulo), a estimativa do Código de Obras nunca se adequou à prática.
"A situação só piorou com o aumento da presença dos utilitários. Visitando condomínios de classe média ou média alta percebe-se muitos carros grandes em vagas menores. As porcentagens de tamanho do código precisam ser revistas para evitar litígios", diz.
As dificuldades para estacionar já fizeram surgir empresas que fazem readequação de garagens. Sidnéia Menezes, da Construsinal Serviços de Sinalização, afirma que o principal problema que verifica são as demarcações erradas. "Há vagas irregulares. Já achei até com apenas 3,10 metros de comprimento", afirma.
A contratação de manobristas para minimizar os problemas nas garagens, é tida como uma alternativa. Mas os condomínios preferem apostar no entendimento entre os moradores -nem sempre possível.


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