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Vagas tamanho "p" criam confusão em condomínios
Garagens viram alvo de reclamações por causa do aumento dos carros utilitários
Demarcação de espaço para veículos foi regulamentada em 1992, quando a frota de carros de grande porte era menor do que a de hoje
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Achar um lugar para estacionar em São Paulo não é um problema apenas nas ruas. Nos
condomínios, a presença cada
vez maior de veículos grandes,
entre eles utilitários como minivans que não cabem na maioria das vagas que são de tamanho "p", é motivo de conflitos e
muita reclamação.
De um lado, os donos dos carrões reclamam da falta de vagas
grandes e se engalfinham em
assembleias de divisão buscando garantir as maiores.
Do outro, os que têm carros
menores reclamam que os utilitários invadem suas vagas e
frequentemente ficam com a
frente ou a traseira no corredor, dificultando manobras.
Os dois grupos apontam riscos nas portas como resultado
de carros grandes e pequenos
lado a lado, em vagas pequenas.
A origem da confusão pode
estar em 1992, quando foi regulamentado o Código de Obras
da prefeitura. Nele, está definido que vagas pequenas ("p") terão no mínimo 2 m de largura e
4,2 m de comprimento -medida menor que a de carros lançados muitos anos depois, como
Corolla ou Honda Civic.
Algumas construtoras tentam fugir dessas medidas para
dar mais conforto, mas o setor
imobiliário aponta barreiras
como o aumento do custo dos
empreendimentos.
O Código de Obras estabelece ainda que 50% das vagas que
o prédio obrigatoriamente precisa ter -uma para apartamentos de até 150 m2, por exemplo- sejam pequenas. Outros 45% de "m" -medida que comporta hoje boa parte dos utilitários- e apenas 5% "g" -para
utilitários maiores e minivans.
Se esses parâmetros permanecem desde 1992, o que teve,
sim, uma alteração foi a venda
de utilitários. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores), o segmento vendeu
128 mil unidades naquele ano,
enquanto que em 2008 foram
477 mil no país.
Para Márcio Rachkorsky,
presidente da Assosíndicos
(Associação dos Síndicos do
Estado de São Paulo), a estimativa do Código de Obras nunca
se adequou à prática.
"A situação só piorou com o
aumento da presença dos utilitários. Visitando condomínios
de classe média ou média alta
percebe-se muitos carros grandes em vagas menores. As porcentagens de tamanho do código precisam ser revistas para evitar litígios", diz.
As dificuldades para estacionar já fizeram surgir empresas
que fazem readequação de garagens. Sidnéia Menezes, da
Construsinal Serviços de Sinalização, afirma que o principal
problema que verifica são as
demarcações erradas. "Há vagas irregulares. Já achei até
com apenas 3,10 metros de
comprimento", afirma.
A contratação de manobristas para minimizar os problemas nas garagens, é tida como
uma alternativa. Mas os condomínios preferem apostar no
entendimento entre os moradores -nem sempre possível.
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