São Paulo, segunda-feira, 03 de maio de 2010

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Trem melhora, mas espera chega a 18 min

CPTM promete nível de metrô em 62% da rede até o fim do ano; das seis linhas, só uma, em área nobre, tem essas características atualmente

Serviço ainda tem atrasos e trens velhos; estatal começou processo de modernização em estações, sistema e composições


RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O mais novo trem da CPTM se aproxima da estação Calmon Viana, em Poá (Grande SP), na manhã da última terça. Dianteira vermelho brilhante, equipado com ar-condicionado e câmera de segurança, ele encosta silencioso na velha plataforma construída em 1926 -18 minutos após o trem anterior e 12 minutos atrasado.
O contraste diz muito sobre a situação das linhas de trem de SP. O serviço melhorou, mas está longe do nível do metrô -só uma das seis linhas está próxima dessa qualificação, que envolve regularidade, redução de intervalos/rapidez, qualidade das estações e dos trens.
O governo do Estado pretende dar qualidade de metrô a 62% da rede até o final do ano, em investimento de R$ 23 bilhões. Foram deixadas de lado, ao menos inicialmente, as extremidades das linhas. A Folha percorreu as seis linhas da CPTM na última semana. Encontrou trens atrasados em três linhas, estações carentes de estrutura e uma frota antiga, em média com 20 anos de operação -até sexta, circulavam em Itapevi trens de 1958.
Mas houve avanços: nos vagões quase não há camelôs. Os intervalos entre os trens diminuíram, embora oscilem. Mesmo ainda velhas, as composições estão mais limpas e, nas principais estações, funcionários orientam passageiros. A violência, diz a CPTM, caiu.
Desde 2007, nove estações foram construídas e outras 12, adaptadas. A linha mais próxima do metrô hoje -e a única a receber esse atributo em toda a extensão- é a 9-Esmeralda, entre Osasco e Grajaú, a segunda menos movimentada. Trata-se da vitrine da CPTM: paralela à marginal Pinheiros, a linha corta região nobre de SP.
Outra mudança foi na linha 12-Safira (Brás-Calmon Viana), até alguns anos atrás a pior da rede. Ela ganhou três estações novas desde 2007 (Jardim Romano, Jardim Helena e USP Leste). O governo prevê padrão de metrô em 80% da linha.
Estações como Calmon Viana, São Miguel, Brás têm problemas de acessibilidade -a CPTM diz que resolverá o problema dessas e de mais 16 neste ano. Até quinta, Calmon Viana tinha uma precária passarela de madeira. Ela foi desativada; a estação está em obras.
A frota de trens está em renovação. O primeiro trem, aquele do início da reportagem, está em circulação desde março. A linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) também ganhou um. Serão 48 ao todo. Os intervalos são grandes.
No metrô, a espera varia de um minuto e 40 segundos a quatro minutos e 20 segundos no horário de pico. Na CPTM, variou de seis a 18 minutos -que, na terça passada, atrasou a chegada da enfermeira Vânia Santos Silva, 33, ao trabalho. Ela estava em Calmon Viana. "Melhorou, mas ainda é muito lento", disse.
A estatal sustenta que a espera de 18 minutos deveu-se à retirada de composições por problemas mecânicos, que as oscilações são pontuais e que o intervalo em parte das estações caiu de nove minutos para seis minutos. A meta é chegar a cinco minutos neste ano e, em metade das linhas, a três minutos em 2011. Isso ocorrerá em razão da maior oferta de trens e de novos sistemas de controle.
"É algo grande, que não se consegue fazer em pouco tempo", disse o engenheiro de transportes Jaime Waisman. Para Adalberto Maluf, diretor da Fundação Clinton no Brasil, o governo precisa priorizar a rede de ônibus. "Não adianta trem bom se a pessoa não consegue chegar ao trem."

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www.folha.com.br/1012020



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