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Trem melhora, mas espera chega a 18 min
CPTM promete nível de metrô em 62% da rede até o fim do ano; das seis linhas, só uma, em área nobre, tem essas características atualmente
Serviço ainda tem atrasos
e trens velhos; estatal começou processo de modernização em estações, sistema e composições
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O mais novo trem da CPTM
se aproxima da estação Calmon
Viana, em Poá (Grande SP), na
manhã da última terça. Dianteira vermelho brilhante, equipado com ar-condicionado e
câmera de segurança, ele encosta silencioso na velha plataforma construída em 1926 -18
minutos após o trem anterior e
12 minutos atrasado.
O contraste diz muito sobre a
situação das linhas de trem de
SP. O serviço melhorou, mas
está longe do nível do metrô
-só uma das seis linhas está
próxima dessa qualificação, que
envolve regularidade, redução
de intervalos/rapidez, qualidade das estações e dos trens.
O governo do Estado pretende dar qualidade de metrô a
62% da rede até o final do ano,
em investimento de R$ 23 bilhões. Foram deixadas de lado,
ao menos inicialmente, as extremidades das linhas.
A Folha percorreu as seis linhas da CPTM na última semana. Encontrou trens atrasados
em três linhas, estações carentes de estrutura e uma frota antiga, em média com 20 anos de
operação -até sexta, circulavam em Itapevi trens de 1958.
Mas houve avanços: nos vagões quase não há camelôs. Os
intervalos entre os trens diminuíram, embora oscilem. Mesmo ainda velhas, as composições estão mais limpas e, nas
principais estações, funcionários orientam passageiros. A
violência, diz a CPTM, caiu.
Desde 2007, nove estações
foram construídas e outras 12,
adaptadas. A linha mais próxima do metrô hoje -e a única a
receber esse atributo em toda a
extensão- é a 9-Esmeralda,
entre Osasco e Grajaú, a segunda menos movimentada. Trata-se da vitrine da CPTM: paralela à marginal Pinheiros, a linha corta região nobre de SP.
Outra mudança foi na linha
12-Safira (Brás-Calmon Viana),
até alguns anos atrás a pior da
rede. Ela ganhou três estações
novas desde 2007 (Jardim Romano, Jardim Helena e USP
Leste). O governo prevê padrão
de metrô em 80% da linha.
Estações como Calmon Viana, São Miguel, Brás têm problemas de acessibilidade -a
CPTM diz que resolverá o problema dessas e de mais 16 neste
ano. Até quinta, Calmon Viana
tinha uma precária passarela
de madeira. Ela foi desativada;
a estação está em obras.
A frota de trens está em renovação. O primeiro trem,
aquele do início da reportagem,
está em circulação desde março. A linha 7-Rubi (Luz-Francisco Morato-Jundiaí) também
ganhou um. Serão 48 ao todo.
Os intervalos são grandes.
No metrô, a espera varia de um
minuto e 40 segundos a quatro
minutos e 20 segundos no horário de pico. Na CPTM, variou
de seis a 18 minutos -que, na
terça passada, atrasou a chegada da enfermeira Vânia Santos
Silva, 33, ao trabalho. Ela estava em Calmon Viana. "Melhorou, mas ainda é muito lento",
disse.
A estatal sustenta que a espera de 18 minutos deveu-se à retirada de composições por problemas mecânicos, que as oscilações são pontuais e que o intervalo em parte das estações
caiu de nove minutos para seis
minutos. A meta é chegar a cinco minutos neste ano e, em metade das linhas, a três minutos
em 2011. Isso ocorrerá em razão da maior oferta de trens e
de novos sistemas de controle.
"É algo grande, que não se
consegue fazer em pouco tempo", disse o engenheiro de
transportes Jaime Waisman.
Para Adalberto Maluf, diretor da Fundação Clinton no
Brasil, o governo precisa priorizar a rede de ônibus. "Não
adianta trem bom se a pessoa
não consegue chegar ao trem."
Veja galeria de imagens
www.folha.com.br/1012020
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