UOL


São Paulo, terça-feira, 03 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CAOS NO TRANSPORTE

Donos de vans clandestinas invadiram prédio da prefeitura em protesto contra proibição de circular

Perueiros fazem 50 reféns em Angra

Jorge William/Agência "O Globo"
Donos de vans clandestinas invadiram prédio da prefeitura em protesto contra proibição de circular


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de cerca de 120 proprietários de vans invadiu o prédio onde funciona o Centro Administrativo da Prefeitura de Angra dos Reis (município a 150 km do Rio) na manhã de ontem e fez 50 funcionários-entre eles três secretários municipais- reféns por cerca de três horas.
O dia foi marcado por incidentes envolvendo transporte - clandestino e legalizado. Em Campinas, houve confronto entre perueiros e policiais militares. O mesmo ocorreu em Recife. Na região metropolitana de Belo Horizonte, houve protesto violento de usuários de ônibus (leia textos nesta página).
Em Angra, os invasores jogaram gasolina em várias salas e ameaçaram incendiar todo o prédio em protesto contra a proibição do transporte alternativo no município. Os donos de vans estavam acompanhados de 65 crianças, que seriam filhos deles, e 45 mulheres.
A invasão ocorreu por volta das 10h30 e só foi encerrada às 18h30, quando os manifestantes concordaram em deixar o prédio.
Quando a confusão começou, o prefeito Fernando Jordão (PSB) estava no Rio, supostamente para resolver assuntos da prefeitura. Ele não havia retornado à cidade até o início da noite.
Liderados pelo presidente da cooperativa de vans de Angra, Antônio Pimenta, os donos de vans ocuparam todas as salas, espalharam a gasolina e fecharam as duas entradas principais do prédio. Na hora da invasão, várias pessoas eram atendidas e foram expulsas.
Os invasores, que não portavam armas, trancaram as salas e impediram os funcionários de saírem, entre eles o chefe de gabinete da prefeitura, Tarcísio Reis -que tem status de secretário-, e os secretários da Defesa Civil, Carlos Alexandre Soares, e de Governo, Bento Costa.
"Usando crianças como escudo, eles puxaram pelo braço todas as pessoas que estavam sendo atendidas na recepção e no protocolo da prefeitura", disse Cinira Figueiredo, uma das funcionárias reféns. Muitos funcionários fugiram pela janela.
O cheiro forte de gasolina levou vários reféns e crianças a passarem mal. Por volta das 13h, os manifestantes começaram a liberar os reféns.
Pimenta negou que tivesse jogado gasolina no prédio. Segundo ele, os manifestantes levaram duas garrafas de guaraná para o local e os funcionários confundiram com gasolina. Disse também que não fez reféns.
Às 13h30, já não havia reféns, mas os manifestantes permaneceram no prédio e não permitiram a saída das crianças.
O local foi cercado por cerca de cem policiais militares. Um helicóptero da Polícia Civil e um carro do Corpo de Bombeiros auxiliavam no trabalho. Lojas próximas à prefeitura foram fechadas.
Uma comissão integrada por secretários municipais, PMs, policiais civis e um representante da Secretaria Estadual de Segurança Pública iniciou uma negociação com os invasores para a evacuação do prédio.
Os negociadores só admitiam conversar sobre a possível liberação das vans no município depois que os motoristas deixassem o prédio. Os invasores só aceitavam sair do local depois de terem uma audiência com o prefeito.
Para pressionar os manifestantes, a prefeitura decidiu cortar a luz, a água e o telefone do prédio. Os donos de vans resolveram deixar a prefeitura por volta das 18h30, depois que foi firmado um acordo para que não fossem presos. Após o fim do protesto, eles foram convocados a depor na 166ª Delegacia de Polícia.
Até a conclusão desta edição, o prefeito não havia sido localizado para comentar a invasão. O transporte de vans em Angra foi proibido no dia 5 de maio, quando a Câmara Municipal vetou um projeto de lei da prefeitura que regularizava o serviço. As vans atuam na cidade desde 1996.


Texto Anterior: Curitiba: Show em que morreram 3 não teve policiamento
Próximo Texto: Secretário de Governo saiu pela janela
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.