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Opções incluem parque "esportivo" e "contemplativo"
Modelo vai ao parque da Luz para ler e desenhar, enquanto
médico freqüenta mais o Ibirapuera, usado para exercícios físicos
No Raposo Tavares, no
Butantã, há montes de lixo e
um prédio, que deveria ser
um vestiário com banheiro,
que está todo pichado
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro jardim público de
SP, o parque da Luz, não chega
a ser desconhecido da população paulistana, mas ainda é visto com receio e menos freqüentado do que poderia.
A Secretaria do Verde e do
Meio Ambiente avalia que o
parque, vizinho à Pinacoteca do
Estado e repleto de esculturas
ao ar livre, é estigmatizado em
razão de sua localização -fica
na região da cracolândia.
A modelo e stylist Marina
Dias não se intimida com isso.
"Venho com amigos e costumo
ler ou desenhar no parque",
conta. O parque é menos voltado para esportes e mais contemplativo -uma gruta com
cascata do século 19 é uma das
atrações, além de um aquário
subterrâneo. Marina diz preferir a Luz ao Ibirapuera, o mais
visitado da cidade, por considerá-lo barulhento e muito cheio.
Outro parque que vale a pena
conhecer é o da Guarapiranga,
na zona sul, perto da represa de
mesmo nome. A reportagem
esteve no local e constatou que
a manutenção está em ordem e
a segurança é bastante satisfatória. Nos dias de calor, as pessoas aproveitam a praia localizada em frente à represa.
Segundo o livro sobre parques municipais, a ser lançado
neste mês, há três momentos
distintos na criação das áreas
verdes e de lazer. No primeiro,
entre o final do século 18 e início do século 20, os parques de
inspiração francesa "eram criados como locais de cultura,
pontos de encontro para a sociedade paulistana". Nessa
época, surgiram parques como
Luz, Buenos Aires e Trianon.
Num segundo momento,
quando a cidade já havia se
transformado em uma metrópole, há a criação de parques a
partir de remanescentes de
grandes fazendas, chácaras e
propriedades da elite paulistana, caso do Carmo e do Piqueri,
os dois da década de 70.
Atualmente, há o surgimento
de parques muitas vezes pequenos -já que não existem
mais grandes áreas verdes.
Na opinião do médico Ricardo Carvalho Alencar Júnior,
29, já que a cidade não tem
praias, os parques são fundamentais para os momentos de
lazer. Ele é uma exceção entre
os paulistanos: conhece diversos parques e freqüenta o Alfredo Volpi e o Burle Marx, ambos
no Morumbi, e o Buenos Aires,
em Higienópolis. Mas o seu
"número um" ainda é o Ibirapuera, mais utilizado para a
prática de esportes. "É a minha
casa, venho aqui todos os dias."
Ele diz, entretanto, que em
relação a infra-estrutura considera o Alfredo Volpi melhor,
apesar de possuir menor tamanho. "Faltam limpeza e bebedouros no Ibirapuera", diz.
Além de 32 parques municipais descritos no guia, a capital
tem outros sete parques ligados
à Secretaria Estadual do Meio
Ambiente -como o da Cantareira e o Villa-Lobos.
Raposo Tavares
Um parque com potencial,
mas em situação ruim, é o Raposo Tavares, no Butantã. Ele
foi o primeiro na América do
Sul a ser implantado em cima
de um aterro sanitário.
Na opinião de Mario Yokota,
diretor de estilo da grife Mercearia que visitou o local a pedido da Folha, a área ainda "é um
espaço que está em vias de ser
um parque". Sua inauguração,
entretanto, ocorreu há 26 anos.
A reportagem encontrou
pessoas fumando maconha
-um vigia foi visto somente na
entrada do parque. Havia montes de lixo e terra pelo terreno e
um prédio, que deveria ser um
vestiário com banheiro, está
todo pichado e quebrado.
O secretário Eduardo Jorge
diz que os parques estão sempre em processo de implementação, mas no caso do Raposo
Tavares ele reconhece que a situação é complicada.
"É preciso muita manutenção porque ele está numa área
de um aterro sanitário antigo,
em que a tecnologia não era tão
avançada", afirma.
O administrador do parque,
Fábio Santos Pellaes, diz que
há obras para a instalação de
rede de água pluvial. Quando o
chão é cavado para colocar a rede, parte do solo retirado é lixo.
"Não podemos colocá-lo de
volta. A empresa que faz o serviço precisa dar um destino
adequado", diz.
Ele afirma que o parque fica
aberto 24 horas por dia, por
"exigência da população, que
utiliza o parque como passagem". Mas não há sequer iluminação no local. "Eu não teria
coragem de passar por ali à noite", admite o administrador.
Sobre o vestiário, ele diz que
foi reformado duas vezes, mas
as pessoas roubaram as torneiras e chuveiros instalados.
(AB)
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