São Paulo, domingo, 03 de junho de 2007

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Opções incluem parque "esportivo" e "contemplativo"

Modelo vai ao parque da Luz para ler e desenhar, enquanto médico freqüenta mais o Ibirapuera, usado para exercícios físicos

No Raposo Tavares, no Butantã, há montes de lixo e um prédio, que deveria ser um vestiário com banheiro, que está todo pichado

DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro jardim público de SP, o parque da Luz, não chega a ser desconhecido da população paulistana, mas ainda é visto com receio e menos freqüentado do que poderia.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente avalia que o parque, vizinho à Pinacoteca do Estado e repleto de esculturas ao ar livre, é estigmatizado em razão de sua localização -fica na região da cracolândia.
A modelo e stylist Marina Dias não se intimida com isso. "Venho com amigos e costumo ler ou desenhar no parque", conta. O parque é menos voltado para esportes e mais contemplativo -uma gruta com cascata do século 19 é uma das atrações, além de um aquário subterrâneo. Marina diz preferir a Luz ao Ibirapuera, o mais visitado da cidade, por considerá-lo barulhento e muito cheio.
Outro parque que vale a pena conhecer é o da Guarapiranga, na zona sul, perto da represa de mesmo nome. A reportagem esteve no local e constatou que a manutenção está em ordem e a segurança é bastante satisfatória. Nos dias de calor, as pessoas aproveitam a praia localizada em frente à represa.
Segundo o livro sobre parques municipais, a ser lançado neste mês, há três momentos distintos na criação das áreas verdes e de lazer. No primeiro, entre o final do século 18 e início do século 20, os parques de inspiração francesa "eram criados como locais de cultura, pontos de encontro para a sociedade paulistana". Nessa época, surgiram parques como Luz, Buenos Aires e Trianon.
Num segundo momento, quando a cidade já havia se transformado em uma metrópole, há a criação de parques a partir de remanescentes de grandes fazendas, chácaras e propriedades da elite paulistana, caso do Carmo e do Piqueri, os dois da década de 70.
Atualmente, há o surgimento de parques muitas vezes pequenos -já que não existem mais grandes áreas verdes.
Na opinião do médico Ricardo Carvalho Alencar Júnior, 29, já que a cidade não tem praias, os parques são fundamentais para os momentos de lazer. Ele é uma exceção entre os paulistanos: conhece diversos parques e freqüenta o Alfredo Volpi e o Burle Marx, ambos no Morumbi, e o Buenos Aires, em Higienópolis. Mas o seu "número um" ainda é o Ibirapuera, mais utilizado para a prática de esportes. "É a minha casa, venho aqui todos os dias."
Ele diz, entretanto, que em relação a infra-estrutura considera o Alfredo Volpi melhor, apesar de possuir menor tamanho. "Faltam limpeza e bebedouros no Ibirapuera", diz.
Além de 32 parques municipais descritos no guia, a capital tem outros sete parques ligados à Secretaria Estadual do Meio Ambiente -como o da Cantareira e o Villa-Lobos.

Raposo Tavares
Um parque com potencial, mas em situação ruim, é o Raposo Tavares, no Butantã. Ele foi o primeiro na América do Sul a ser implantado em cima de um aterro sanitário.
Na opinião de Mario Yokota, diretor de estilo da grife Mercearia que visitou o local a pedido da Folha, a área ainda "é um espaço que está em vias de ser um parque". Sua inauguração, entretanto, ocorreu há 26 anos.
A reportagem encontrou pessoas fumando maconha -um vigia foi visto somente na entrada do parque. Havia montes de lixo e terra pelo terreno e um prédio, que deveria ser um vestiário com banheiro, está todo pichado e quebrado.
O secretário Eduardo Jorge diz que os parques estão sempre em processo de implementação, mas no caso do Raposo Tavares ele reconhece que a situação é complicada.
"É preciso muita manutenção porque ele está numa área de um aterro sanitário antigo, em que a tecnologia não era tão avançada", afirma.
O administrador do parque, Fábio Santos Pellaes, diz que há obras para a instalação de rede de água pluvial. Quando o chão é cavado para colocar a rede, parte do solo retirado é lixo. "Não podemos colocá-lo de volta. A empresa que faz o serviço precisa dar um destino adequado", diz.
Ele afirma que o parque fica aberto 24 horas por dia, por "exigência da população, que utiliza o parque como passagem". Mas não há sequer iluminação no local. "Eu não teria coragem de passar por ali à noite", admite o administrador.
Sobre o vestiário, ele diz que foi reformado duas vezes, mas as pessoas roubaram as torneiras e chuveiros instalados. (AB)


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