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Associação recomenda fechar espaço aéreo em caso de falha
Orientação à categoria consta do "boletim de segurança" da entidade que representa controladores de vôo; serviço radar também pode ser encerrado
Tática preventiva foi
adotada em reação às
declarações da FAB de que o
sistema de controle aéreo
não tem deficiências
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reação às garantias públicas da FAB de que o sistema de
controle aéreo não tem deficiências, a ABCTA (Associação
Brasileira de Controladores de
Tráfego Aéreo) emitiu seu primeiro "boletim de segurança",
no qual recomenda profissionais de todo o país a encerrar
serviço radar ou até interditar
setores aéreos em caso de falhas de equipamento.
É o primeiro comunicado público depois do pedido de "desculpas" pelo motim de 30 de
março e foi motivado pela denúncia de crime doloso (com
intenção) do controlador Jomarcelo dos Santos pelo acidente do vôo 1907, que deixou
154 mortos há oito meses.
Outros três sargentos são
réus por crime culposo (sem intenção). Todos os denunciados
estavam trabalhando no dia do
acidente, o maior da história da
aviação brasileira.
A nota "recomenda aos controladores de tráfego aéreo que
sigam, de maneira incondicional, as normas e procedimento
previstos e que não assumam
responsabilidades maiores que
já lhes são exigidas".
Parte da estratégia de defesa
dos controladores é culpar a
configuração "confusa" e "falhas" dos equipamentos. O boletim pretende evitar futuras
responsabilizações criminais.
O julgamento está marcado para começar em agosto.
A tática "preventiva", porém,
pode gerar novos atrasos nos
aeroportos já que, por medida
de segurança, vários vôos podem ter que esperar em solo
devido à "falta de confiabilidade do sistema", que fica a critério do controlador. Esse foi o
objetivo da operação-padrão
iniciada em outubro.
O Comando da Aeronáutica
não comentou a nota da ABCTA, mas informou que as regras
que o controlador deve seguir
são as do manual do setor, o
ICA 100-12.
Em caso de falha de freqüência, a ABCTA diz que não se deve usar uma alternativa de forma improvisada. "Caso não haja outra freqüência, recomenda-se interditar o setor. Nunca
utilize a freqüência de outro setor sem publicação de Notam
[aviso oficial aos aeronautas]",
diz um trecho do boletim.
No caso de problemas com
radares como a duplicação de
alvos, perda de contato ou variação de dados do vôo, o boletim diz: "Recomenda-se encerrar o serviço radar e iniciar o
controle convencional, não radar [apenas rádio], conforme
previsto na ICA 100-12".
No dia 26, a Folha revelou
que no Cindacta-4 (Manaus),
controladores já vinham adotando essa prática. A FAB afirma que o serviço radar pode ser
prestado com segurança.
A última recomendação da
ABCTA é para que as autorizações de planos de vôo sigam
fielmente o padrão e sejam melhor coordenadas entre os centros de controle, questão diretamente ligada ao acidente.
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