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Conselho manda demitir promotor que matou rapaz
Thales Schoedl pode ir ao STF contra decisão do órgão máximo do Ministério Público
Schoedl, que confessou a morte de rapaz em Bertioga e alegou legítima defesa, perderá foro privilegiado
e salário de R$ 10,8 mil
FLÁVIO FERREIRA
DO "AGORA"
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O promotor de Justiça Thales Ferri Schoedl, que responde
a processo por matar um jovem
e balear outro no litoral paulista, em 2004, vai perder o cargo
e a possibilidade de ter foro privilegiado em um eventual julgamento do homicídio.
O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), órgão máximo da instituição no
país, determinou ontem a revogação da promoção de Schoedl
a promotor vitalício, concedida
pelo Ministério Público de São
Paulo. A perda do vitaliciamento (efetivação) resulta na exoneração de um promotor.
A defesa de Schoedl anunciou que vai recorrer ao Poder
Judiciário, pois considera a
medida inconstitucional.
Schoedl confessou o assassinato de Diego Mendes Modanez, 20, em dezembro de 2004,
durante uma discussão em Bertioga. Na ocasião, o promotor
disparou 12 tiros, ferindo ainda
Felipe Siqueira Cunha de Souza, que sobreviveu. O promotor
alega legítima defesa.
O julgamento final da cúpula
do Ministério Público sobre a
situação de Schoedl na carreira
teve ontem a participação de 12
conselheiros do CNMP.
Nove votaram pela revogação da decisão do Órgão Especial do Ministério Público de
São Paulo, que concedeu a
Schoedl o vitaliciamento no
cargo, em agosto último.
O vitaliciamento dá aos promotores principalmente dois
direitos: o de somente serem
exonerados após condenação
judicial definitiva e o de serem
julgados em foro privilegiado.
No caso de Schoedl, a manutenção no cargo permitiria a ele
ser julgado pelo TJ (Tribunal
de Justiça) de São Paulo, composto por desembargadores.
Com a perda do cargo,
Schoedl pode ser levado a um
júri popular formado por sete
representantes da sociedade.
A revogação do vitaliciamento de Schoedl teve duas justificativas: ele não cumpriu o prazo legal de dois anos para ser
declarado vitalício - foi empossado em setembro de 2003
e suspenso em março de
2005- e teve conduta funcional durante o estágio probatório (o período que antecede a
efetivação) não condizente
com o que se espera de um
membro do Ministério Público,
segundo os conselheiros.
Schoedl teve os votos favoráveis de dois conselheiros. Um
outro membro do órgão defendeu a suspensão do processo.
Mesmo assim, até que o Ministério Público de São Paulo oficialize o seu desligamento, ele
continuará recebendo seu salário, de R$ 10,8 mil mensais.
O advogado de Schoedl, Ovídio Rocha Barros Sandoval, disse ontem que a decisão é inconstitucional e que recorrerá
ao STF (Supremo Tribunal Federal). "Somente o Poder Judiciário poderia ter revogado [o
vitaliciamento]", afirmou.
No julgamento, os conselheiros criticaram a conduta de
Thales Schoedl durante seu estágio probatório.
O conselheiro Cláudio Barros, por exemplo, disse que
"Thales não soube, com quase
um ano e três meses de atividade, dizer a que veio".
Já para o conselheiro Osmar
Machado, "a conduta [de
Schoedl] foi bem aquém do que
se espera de um promotor de
Justiça". "Exige-se dos membros do Ministério Público
mais retidão que do homem comum", completou o conselheiro Sandro Neis.
No plenário
Schoedl acompanhou todo o
julgamento na primeira fileira
do plenário, isolado. Também
participou da sessão a mãe de
Diego, Sonia Modanez, que vestia uma camiseta com a foto do
filho com a seguinte frase estampada: "Não deixe impune
quem apagou esse sorriso".
Ao final, ela afirmou estar de
"alma lavada". "Quando ele foi
à praia, minha única preocupação era o mar. Aí vem um desequilibrado como esse e tira a vida do meu filho", disse ela.
A Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo não quis comentar o caso, porque "não foi
notificada da decisão". O ex-procurador-geral Rodrigo Pinho também não. "Limito-me a
falar que atuei de acordo com
minha consciência", disse.
Colaboraram a Reportagem Local e a Agência Folha
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