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ADMINISTRAÇÃO
Extensão da Radial Leste e nova ponte, ambas em regiões carentes, serão entregues perto das eleições de 2004
Zonas leste e sul receberão obras viárias
ROBERTO PELLIM
DA REDAÇÃO
A Prefeitura de São Paulo entregará no segundo semestre de
2004, próximo às eleições municipais, duas obras viárias que beneficiarão regiões carentes. O investimento total é de R$ 170 milhões.
Uma delas, a extensão da Radial
Leste, principal ligação entre o
Parque Dom Pedro (centro) e Itaquera (zona leste), tem previsão
de entrega da primeira fase em setembro de 2004, o que fará com
que a via chegue até Guaianazes.
Já Interlagos (zona sul) terá
uma nova ponte sobre o rio Jurubatuba e a ampliação da rua Miguel Yunes, o que, na prática, significará o prolongamento da avenida das Nações Unidas, que hoje
termina na avenida Interlagos. Segundo o secretário Roberto Bortolotto (Infra-Estrutura Urbana),
as obras já estavam em estudos.
A extensão da Radial Leste atende a solicitação de moradores. Já o
projeto básico da obra em Interlagos estava pronto na gestão passada, mas só agora foi reservada
verba para a sua execução, também a pedido da comunidade, segundo a assessoria da secretaria.
Radial Leste
Com a extensão da Radial Leste
(primeira fase), a viagem de Itaquera a Guaianazes deve cair de
40 minutos para até 10 minutos. O
fluxo estimado é de 13 mil veículos por hora nos horários de pico
nos dois sentidos. Segundo a CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego), passam pela Radial de
170 mil a 200 mil veículos por dia.
O trecho mais movimentado é o
do viaduto Alcântara Machado,
no Brás (centro), com 30 mil veículos por hora, somados os dois
sentidos, no horário de pico.
Na segunda etapa, haverá mais
2,5 km e adaptações na região.
O edital de licitação foi publicado no "Diário Oficial" do município de anteontem. O novo trecho
utilizará a via férrea desativada da
CPTM (Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos), administrada pelo Estado.
Houve disputa política pelo espaço. A prefeita Marta Suplicy
(PT) chegou a pedir uma vaia ao
governo estadual, que pretendia
construir conjuntos habitacionais
e centros de esporte no local. O secretário estadual dos Transportes
Metropolitanos, Jurandir Fernandes, disse que não abriria mão do
projeto "de jeito nenhum".
O impasse foi resolvido após
quase dois anos, em setembro
passado, pouco antes da eleição
para governador. No anúncio da
cessão da área, Fernandes e Marta
trocaram elogios -a prefeita pediu aplausos ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Jurubatuba
A nova ponte sobre o rio Jurubatuba e a ampliação da rua Miguel Yunes custarão R$ 50 milhões, sendo que R$ 26 milhões
serão gastos só na construção da
ponte. O recurso é do município,
mas há pedido de verba federal.
O prazo de entrega é o segundo
semestre do próximo ano, sem
mês definido. O edital de licitação,
segundo Bortolotto, será publicado na próxima semana.
Quem segue pela marginal Pinheiros para o extremo sul da cidade poderá chegar próximo à represa Billings sem mudar de via.
A ampliação da Miguel Yunes
servirá de acesso à nova ponte. A
rua passa perto do autódromo de
Interlagos, na outra margem do
rio Pinheiros. A obra permitirá a
ligação entre as avenidas Senador
Teotônio Vilela (acesso a Parelheiros) e Nossa Senhora do Sabará, que leva ao bairro da Pedreira.
Crítica
A extensão de vias onde já há
um sistema viário resolve um
problema local, mas tem efeito ínfimo no trânsito da cidade, segundo o arquiteto, historiador e professor da USP (Universidade de
São Paulo) Carlos Lemos, 78.
Para ele, o prolongamento da
Radial Leste, por exemplo, melhorará a situação "de quem está
lá [Guaianazes]", mas esse morador continuará enfrentando engarrafamentos ao se deslocar.
O arquiteto prefere a abertura
de novas vias e o investimento em
outros meios de transporte, como
a ampliação das redes de metrô e
de trem.
Eduardo Pinheiro Borges, presidente do Fórum para o Desenvolvimento da Zona Leste, elogia a
obra, "uma reivindicação antiga".
Segundo ele, a avenida, como
não será uma via expressa (pelo
projeto, terá semáforos e passagens para pedestres), reintegrará
as duas metades em que a região
foi dividida com a linha férrea.
O secretário Bortolotto concorda. "Era reivindicação antiga dos
moradores e integrará a região."
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