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ROTA DE FUGA
Para empresas, superlotação só ocorre em horários de pico e novas obras no aeroporto contornariam desconforto
Companhias defendem vôos em Congonhas
DA REPORTAGEM LOCAL
O desconforto no aeroporto de
Congonhas (São Paulo) é um problema que será contornado com
novas obras, na avaliação das
companhias aéreas, que rejeitam
a proposta de transferir vôos para
Guarulhos ou Campinas.
George Ermakoff, presidente do
Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), avalia que a
superlotação no desembarque ou
a demora no check in só ocorre
nas horas de pico da manhã e da
tarde. "E os picos, infelizmente,
fazem parte da nossa vida, não só
dentro do aeroporto", afirma ele.
Ermakoff diz que "ainda há
muita área de manobra dentro de
Congonhas que pode ser utilizada". "Há muito espaço e possibilidade de melhoria", avalia.
O presidente do sindicato afirma também que Cumbica não teria capacidade para abrigar muitos vôos de Congonhas e que Viracopos é muito distante de São
Paulo, mesmo para abrigar vôos
domésticos com destino a lugares
distantes, como a região Norte.
Para ele, a situação econômica
do país é um dos fatores para a expansão dos passageiros. Em Congonhas, a elevação em 2005 foi
praticamente duas vezes superior
à dos demais no país, diz, porque
é lá que as pessoas querem voar.
"Congonhas é um aeroporto
central. É natural que as empresas
tentem direcionar para lá novos
vôos ou os de maior capacidade
em termos de transporte de passageiros. As coisas vão ter que se
racionalizar no eixo Congonhas-Guarulhos", defende ele.
Ermakoff diz que a inauguração
da nova sala de embarque, em
agosto de 2004, "já trouxe muito
mais conforto", mas descarta
qualquer relação da evolução dos
passageiros com as melhorias.
"Sem a obra, estaria todo mundo se apertando, um em cima do
outro, mas todos estariam embarcando da mesma forma", afirma.
Ele cita a expansão da Gol e a
substituição de jatos da Rio-Sul
ou da Vasp como exemplos da
troca de aeronaves menores por
maiores. Ermakoff defende as
mudanças argumentando que os
novos aviões são mais modernos
e produzem menos ruído. "O barulho do trânsito da rua incomoda mais do que os aviões."
Com a nova sala de embarque, a
Infraero também instalou oito
pontes que permitem a entrada
diretamente nas aeronaves.
Novas obras
A segunda fase da obra será
concluída em 2007, ao custo de R$
150 milhões. O Ministério Público
Federal conseguiu suspendê-la
-alegando irregularidades na licitação- no final de 2004, mas a
decisão foi derrubada em janeiro.
Essa etapa prevê ampliação da
sala de desembarque, incluindo
esteiras de bagagens e a instalação
de mais 15 posições de check in,
totalizando 92 balcões de atendimento, além da recuperação da
fachada do aeroporto. A prefeitura também discute a construção
de uma passagem subterrânea na
frente de Congonhas para minimizar os congestionamentos.
A Infraero repete a avaliação de
que a reforma pretenda somente
dar mais conforto, e não receber
mais passageiros. "Não trabalhamos com a hipótese de aumentar
a demanda", afirma Valcemir
Braga, diretor de operações em
exercício da empresa.
Mas as obras não resolvem os
problemas de saturação, até porque eles se estendem ao espaço
aéreo -a quantidade de pousos e
decolagens já está no limite.
A posição é vista com desconfiança por vizinhos. Eles alegam
que, mesmo se melhorar as condições internas, os problemas de
fora do aeroporto continuarão.
Antonio Cunha, presidente do
MoviBelo (Movimento de Moradores do Campo Belo), diz que
"não adianta ficar oferecendo facilidades" porque elas só incentivam a presença de mais passageiros e, "seis meses depois, está tudo lotado de novo". "O trânsito, a
poluição, a ocupação do entorno,
está tudo aumentando absurdamente. É uma balbúrdia", afirma
Cunha.
(ALENCAR IZIDORO)
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