São Paulo, domingo, 03 de julho de 2005

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ROTA DE FUGA

Para empresas, superlotação só ocorre em horários de pico e novas obras no aeroporto contornariam desconforto

Companhias defendem vôos em Congonhas

DA REPORTAGEM LOCAL

O desconforto no aeroporto de Congonhas (São Paulo) é um problema que será contornado com novas obras, na avaliação das companhias aéreas, que rejeitam a proposta de transferir vôos para Guarulhos ou Campinas.
George Ermakoff, presidente do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), avalia que a superlotação no desembarque ou a demora no check in só ocorre nas horas de pico da manhã e da tarde. "E os picos, infelizmente, fazem parte da nossa vida, não só dentro do aeroporto", afirma ele.
Ermakoff diz que "ainda há muita área de manobra dentro de Congonhas que pode ser utilizada". "Há muito espaço e possibilidade de melhoria", avalia.
O presidente do sindicato afirma também que Cumbica não teria capacidade para abrigar muitos vôos de Congonhas e que Viracopos é muito distante de São Paulo, mesmo para abrigar vôos domésticos com destino a lugares distantes, como a região Norte.
Para ele, a situação econômica do país é um dos fatores para a expansão dos passageiros. Em Congonhas, a elevação em 2005 foi praticamente duas vezes superior à dos demais no país, diz, porque é lá que as pessoas querem voar.
"Congonhas é um aeroporto central. É natural que as empresas tentem direcionar para lá novos vôos ou os de maior capacidade em termos de transporte de passageiros. As coisas vão ter que se racionalizar no eixo Congonhas-Guarulhos", defende ele.
Ermakoff diz que a inauguração da nova sala de embarque, em agosto de 2004, "já trouxe muito mais conforto", mas descarta qualquer relação da evolução dos passageiros com as melhorias.
"Sem a obra, estaria todo mundo se apertando, um em cima do outro, mas todos estariam embarcando da mesma forma", afirma.
Ele cita a expansão da Gol e a substituição de jatos da Rio-Sul ou da Vasp como exemplos da troca de aeronaves menores por maiores. Ermakoff defende as mudanças argumentando que os novos aviões são mais modernos e produzem menos ruído. "O barulho do trânsito da rua incomoda mais do que os aviões."
Com a nova sala de embarque, a Infraero também instalou oito pontes que permitem a entrada diretamente nas aeronaves.

Novas obras
A segunda fase da obra será concluída em 2007, ao custo de R$ 150 milhões. O Ministério Público Federal conseguiu suspendê-la -alegando irregularidades na licitação- no final de 2004, mas a decisão foi derrubada em janeiro.
Essa etapa prevê ampliação da sala de desembarque, incluindo esteiras de bagagens e a instalação de mais 15 posições de check in, totalizando 92 balcões de atendimento, além da recuperação da fachada do aeroporto. A prefeitura também discute a construção de uma passagem subterrânea na frente de Congonhas para minimizar os congestionamentos.
A Infraero repete a avaliação de que a reforma pretenda somente dar mais conforto, e não receber mais passageiros. "Não trabalhamos com a hipótese de aumentar a demanda", afirma Valcemir Braga, diretor de operações em exercício da empresa.
Mas as obras não resolvem os problemas de saturação, até porque eles se estendem ao espaço aéreo -a quantidade de pousos e decolagens já está no limite.
A posição é vista com desconfiança por vizinhos. Eles alegam que, mesmo se melhorar as condições internas, os problemas de fora do aeroporto continuarão.
Antonio Cunha, presidente do MoviBelo (Movimento de Moradores do Campo Belo), diz que "não adianta ficar oferecendo facilidades" porque elas só incentivam a presença de mais passageiros e, "seis meses depois, está tudo lotado de novo". "O trânsito, a poluição, a ocupação do entorno, está tudo aumentando absurdamente. É uma balbúrdia", afirma Cunha. (ALENCAR IZIDORO)


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