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6 MESES
Dos 15 principais compromissos de campanha, 9 não têm resultado prático, 5 estão em andamento e 1 foi cumprido parcialmente
Paulistano não "vê" promessas de Serra
CONRADO CORSALETTE
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Após seis meses de governo, 9
de 15 das principais promessas de
campanha do prefeito José Serra
(PSDB) ainda não tiveram resultado prático para o paulistano.
Cinco delas estão em andamento. É o caso da substituição das escolas de latinha -47 obras foram
iniciadas, mas apenas 2 foram entregues até agora.
O outro compromisso de campanha, segundo o qual não haveria paralisação de obras, está sendo cumprido apenas parcialmente, já que alguns canteiros importantes, como o do Fura-Fila, não
estão recebendo investimentos.
As 15 principais promessas
constam do programa de governo
de Serra, cujo título do capítulo de
apresentação é "São Paulo tem
pressa". Entre os compromissos
eleitorais que não saíram do papel
estão a distribuição de remédios
nas casas dos pacientes pelos Correios, a implantação do programa
Mãe Paulistana, a criação do vale-transporte para desempregados, a
comunicação por rádio entre carros da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar e a aplicação de recursos no Metrô e no Rodoanel, entre outros.
Em alguns casos, como a integração dos bilhetes de ônibus,
Metrô e trens da CPTM, a prefeitura afirma que os resultados vão
aparecer até o final do ano.
A administração diz também
que é preciso tempo para que os
seus projetos sejam colocados em
prática. Serra alega ainda ter recebido uma cidade "quebrada". Teve, portanto, que dedicar boa parte de seu início de governo ao saneamento das contas municipais.
Tão logo assumiu, Serra suspendeu licitações e iniciou a renegociação de contratos. Congelou
quase 32% do Orçamento de R$
15,2 bilhões, barrando investimentos, e definiu limites de gastos
para as secretariais. Também enfrentou greve dos perueiros e confronto com a categoria. Sob a justificativa de que era necessário
"reequilibrar" o sistema de transportes, aumentou o valor da tarifa
de ônibus de R$ 1,70 para R$ 2. Ao
mesmo tempo, dedicou boa parte
de seus discursos a ataques à ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Na Câmara, mesmo após um
acordo que resultou na aprovação
da reforma da previdência, o prefeito ainda não se entendeu com
os vereadores e enfrenta resistência do grupo conhecido como
"centrão", que reúne parlamentares do PMDB, do PL e do PTB, entre outros partidos.
As dificuldades de relacionamento não ficaram limitadas ao
Legislativo. Nesses seis meses, nada menos do que quatro secretarias tiveram seus titulares substituídos: Esportes, Serviços, Cultura e Saúde. No centro dos problemas, desentendimentos sobre os
rumos da administração e insatisfação do prefeito com os resultados apresentados por auxiliares.
As baixas também atingiram as
subprefeituras, mas por um problema mais sério: José Cláudio
Barriguelli, da Casa Verde (zona
norte), foi flagrado em conversa
gravada dizendo que seus fiscais
não autuariam outdoors instalados clandestinamente em uma
área municipal. Foi exonerado.
Prioridades
Tema central da campanha do
ano passado, na área da saúde há
poucos avanços visíveis para a população. Ainda não foi finalizado
o contrato para a entrega de remédios em casa. De acordo com a
prefeitura, cada cadastramento
para receber os medicamentos
exige uma consulta na rede pública e ainda não há prazo para o
projeto começar oficialmente.
Serra retomou a construção do
hospital Cidade Tiradentes (zona
leste), para o qual ainda espera
ajuda da União. Para iniciar as
obras do hospital de M'Boi Mirim
(zona sul), precisou da ajuda do
governador Geraldo Alckmin
(PSDB), que destinou os recursos
iniciais previstos para este ano.
O prefeito não decidiu ainda, no
entanto, se irá construir os chamados "hospitais de bairro", apesar de ter feito a promessa.
As unidades de 50 leitos teriam
retaguarda de um hospital maior
e são uma idéia do ex-ministro
Adib Jatene (Saúde), que pretende inaugurar um desses hospitais
em Sapopemba (zona leste). A
obra foi construída em maior parte com recursos do setor privado.
Serra também patinou no Mãe
Paulistana, que prevê acompanhamento pré e pós-natal e distribuição de passes de ônibus gratuitos para gestantes. A prefeitura
alega que se trata de um programa complexo, ainda "em fase de
organização". Prevê sua implantação plena no segundo semestre.
Na campanha eleitoral, Serra
praticamente colou sua imagem à
de Alckmin. Se o governador ajudou a cidade na construção do
hospital de M'Boi Mirim, o prefeito não fez o mesmo até agora no
que se refere à sua promessa de
atuar com o Estado "na expansão
das linhas do Metrô e dos trens da
CPTM", além de "apoiar a continuação do Rodoanel". Nada foi
gasto ainda nesses apoios. Serra
diz que investirá em operações
urbanas para ajudar no Metrô.
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