São Paulo, domingo, 03 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

6 MESES

Dos 15 principais compromissos de campanha, 9 não têm resultado prático, 5 estão em andamento e 1 foi cumprido parcialmente

Paulistano não "vê" promessas de Serra

CONRADO CORSALETTE
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Após seis meses de governo, 9 de 15 das principais promessas de campanha do prefeito José Serra (PSDB) ainda não tiveram resultado prático para o paulistano.
Cinco delas estão em andamento. É o caso da substituição das escolas de latinha -47 obras foram iniciadas, mas apenas 2 foram entregues até agora.
O outro compromisso de campanha, segundo o qual não haveria paralisação de obras, está sendo cumprido apenas parcialmente, já que alguns canteiros importantes, como o do Fura-Fila, não estão recebendo investimentos.
As 15 principais promessas constam do programa de governo de Serra, cujo título do capítulo de apresentação é "São Paulo tem pressa". Entre os compromissos eleitorais que não saíram do papel estão a distribuição de remédios nas casas dos pacientes pelos Correios, a implantação do programa Mãe Paulistana, a criação do vale-transporte para desempregados, a comunicação por rádio entre carros da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar e a aplicação de recursos no Metrô e no Rodoanel, entre outros.
Em alguns casos, como a integração dos bilhetes de ônibus, Metrô e trens da CPTM, a prefeitura afirma que os resultados vão aparecer até o final do ano.
A administração diz também que é preciso tempo para que os seus projetos sejam colocados em prática. Serra alega ainda ter recebido uma cidade "quebrada". Teve, portanto, que dedicar boa parte de seu início de governo ao saneamento das contas municipais.
Tão logo assumiu, Serra suspendeu licitações e iniciou a renegociação de contratos. Congelou quase 32% do Orçamento de R$ 15,2 bilhões, barrando investimentos, e definiu limites de gastos para as secretariais. Também enfrentou greve dos perueiros e confronto com a categoria. Sob a justificativa de que era necessário "reequilibrar" o sistema de transportes, aumentou o valor da tarifa de ônibus de R$ 1,70 para R$ 2. Ao mesmo tempo, dedicou boa parte de seus discursos a ataques à ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Na Câmara, mesmo após um acordo que resultou na aprovação da reforma da previdência, o prefeito ainda não se entendeu com os vereadores e enfrenta resistência do grupo conhecido como "centrão", que reúne parlamentares do PMDB, do PL e do PTB, entre outros partidos.
As dificuldades de relacionamento não ficaram limitadas ao Legislativo. Nesses seis meses, nada menos do que quatro secretarias tiveram seus titulares substituídos: Esportes, Serviços, Cultura e Saúde. No centro dos problemas, desentendimentos sobre os rumos da administração e insatisfação do prefeito com os resultados apresentados por auxiliares.
As baixas também atingiram as subprefeituras, mas por um problema mais sério: José Cláudio Barriguelli, da Casa Verde (zona norte), foi flagrado em conversa gravada dizendo que seus fiscais não autuariam outdoors instalados clandestinamente em uma área municipal. Foi exonerado.

Prioridades
Tema central da campanha do ano passado, na área da saúde há poucos avanços visíveis para a população. Ainda não foi finalizado o contrato para a entrega de remédios em casa. De acordo com a prefeitura, cada cadastramento para receber os medicamentos exige uma consulta na rede pública e ainda não há prazo para o projeto começar oficialmente.
Serra retomou a construção do hospital Cidade Tiradentes (zona leste), para o qual ainda espera ajuda da União. Para iniciar as obras do hospital de M'Boi Mirim (zona sul), precisou da ajuda do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que destinou os recursos iniciais previstos para este ano.
O prefeito não decidiu ainda, no entanto, se irá construir os chamados "hospitais de bairro", apesar de ter feito a promessa.
As unidades de 50 leitos teriam retaguarda de um hospital maior e são uma idéia do ex-ministro Adib Jatene (Saúde), que pretende inaugurar um desses hospitais em Sapopemba (zona leste). A obra foi construída em maior parte com recursos do setor privado.
Serra também patinou no Mãe Paulistana, que prevê acompanhamento pré e pós-natal e distribuição de passes de ônibus gratuitos para gestantes. A prefeitura alega que se trata de um programa complexo, ainda "em fase de organização". Prevê sua implantação plena no segundo semestre.
Na campanha eleitoral, Serra praticamente colou sua imagem à de Alckmin. Se o governador ajudou a cidade na construção do hospital de M'Boi Mirim, o prefeito não fez o mesmo até agora no que se refere à sua promessa de atuar com o Estado "na expansão das linhas do Metrô e dos trens da CPTM", além de "apoiar a continuação do Rodoanel". Nada foi gasto ainda nesses apoios. Serra diz que investirá em operações urbanas para ajudar no Metrô.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Governo investiu 10% do previsto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.