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PLANTÃO MÉDICO
Novo uso para remédio conhecido
JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA
Na área das indicações e contra-indicações dos medicamentos, as
alterações não são muito freqüentes, mas podem, mesmo eventualmente, ocorrer.
No dia 15 de maio, publicamos a
recomendação da FDA (Food and
Drug Administration) -órgão
do governo dos Estados Unidos
que normatiza o uso de medicamentos e alimentos- de que alguns remédios de uso psiquiátrico (entre eles o Seroquel) ministrados em idosos com alterações
de comportamento poderiam
provocar insuficiência cardíaca e
vários outros problemas médicos.
Na revista "American Journal of
Psychiatry" deste mês, o médico
Joseph R. Calabrese, diretor do
Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, publica pesquisa,
realizada em colaboração com 39
centros médicos norte-americanos, sobre o tratamento de 542
pacientes com a droga Seroquel
(quetiapine) em portadores do
transtorno bipolar do humor.
Usualmente, uma medicação
antipsicótica não é usada para tratamento específico da depressão
bipolar. Entretanto, com essa droga, afirma Calabrese, observou-se
uma remissão em cerca de 50%
dos pacientes que participaram
da pesquisa e que receberam tanto a droga quanto o placebo
(comprimido sem nenhuma ação
biológica).
Segundo Calabrese, o mecanismo de ação do remédio no cérebro ainda não está identificado,
mas, com certeza, diz o médico, a
droga interfere nos neurotransmissores dopamina e serotonina.
Entre os efeitos colaterais do
medicamento foram observados
boca seca, sedação, sono, tontura
e fadiga, segundo a pesquisa.
O estudo teve o patrocínio do
AstraZeneca, laboratório produtor do medicamento.
O distúrbio bipolar, também
conhecido como doença maníaco-depressiva, afeta de 3% a 4%
da população adulta.
Intercalada por fases de depressão e períodos normais, apresenta
também ciclos de euforia e irritabilidade, com dificuldade para
controlar os impulsos.
Durante o Congresso Mundial
de Psiquiatria Biológica, em junho, em Viena (Áustria), a Federação Mundial de Saúde Mental
apresentou o resultado de pesquisa com portadores do distúrbio
bipolar: quase a metade (47%)
sente impacto negativo em sua
qualidade de vida e 35% relataram sentirem-se discriminados
em suas relações sociais e familiares em decorrência do problema.
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