São Paulo, domingo, 03 de julho de 2005

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PLANTÃO MÉDICO

Novo uso para remédio conhecido

JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

Na área das indicações e contra-indicações dos medicamentos, as alterações não são muito freqüentes, mas podem, mesmo eventualmente, ocorrer.
No dia 15 de maio, publicamos a recomendação da FDA (Food and Drug Administration) -órgão do governo dos Estados Unidos que normatiza o uso de medicamentos e alimentos- de que alguns remédios de uso psiquiátrico (entre eles o Seroquel) ministrados em idosos com alterações de comportamento poderiam provocar insuficiência cardíaca e vários outros problemas médicos.
Na revista "American Journal of Psychiatry" deste mês, o médico Joseph R. Calabrese, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, publica pesquisa, realizada em colaboração com 39 centros médicos norte-americanos, sobre o tratamento de 542 pacientes com a droga Seroquel (quetiapine) em portadores do transtorno bipolar do humor.
Usualmente, uma medicação antipsicótica não é usada para tratamento específico da depressão bipolar. Entretanto, com essa droga, afirma Calabrese, observou-se uma remissão em cerca de 50% dos pacientes que participaram da pesquisa e que receberam tanto a droga quanto o placebo (comprimido sem nenhuma ação biológica).
Segundo Calabrese, o mecanismo de ação do remédio no cérebro ainda não está identificado, mas, com certeza, diz o médico, a droga interfere nos neurotransmissores dopamina e serotonina.
Entre os efeitos colaterais do medicamento foram observados boca seca, sedação, sono, tontura e fadiga, segundo a pesquisa.
O estudo teve o patrocínio do AstraZeneca, laboratório produtor do medicamento.
O distúrbio bipolar, também conhecido como doença maníaco-depressiva, afeta de 3% a 4% da população adulta.
Intercalada por fases de depressão e períodos normais, apresenta também ciclos de euforia e irritabilidade, com dificuldade para controlar os impulsos.
Durante o Congresso Mundial de Psiquiatria Biológica, em junho, em Viena (Áustria), a Federação Mundial de Saúde Mental apresentou o resultado de pesquisa com portadores do distúrbio bipolar: quase a metade (47%) sente impacto negativo em sua qualidade de vida e 35% relataram sentirem-se discriminados em suas relações sociais e familiares em decorrência do problema.


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