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ANÁLISE
Quando não se adere à nova estratégia, quem sai perdendo é a população...
MARIA ALICE P. DE CARVALHO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Por que ainda há municípios sem a ESF (Estratégia
Saúde da Família)? O que
perdem os moradores desses
locais? Essas questões inquietam pesquisadores, trabalhadores da saúde e políticos. Deveriam ser objeto de
inquietação da população.
A ESF se propõe a atender
famílias por meio de uma
equipe multiprofissional que
vai às casas. Os profissionais
falam sobre nutrição infantil,
saneamento básico, acompanham o pré-natal e explicam
como evitar doenças como
malária, tuberculose, hipertensão e diabetes.
Objetivam principalmente
prevenir, promover a saúde,
acompanhar agravos e evitar
que as pessoas necessitem de
outros serviços de saúde.
A ESF é também uma forma de orientar a população a
entrar no sistema público de
saúde. Funciona como filtro
eficiente para uso adequado
de tecnologias disponíveis
em hospitais e clínicas.
Implantar a ESF significa,
além de trazer uma nova prática, reorganizar o velho modelo de atenção à saúde.
Esse modelo, historicamente, é voltado para atender à doença já instalada,
realizar procedimentos cirúrgicos evitáveis e reabilitar os
incapacitados. Implica maiores recursos para pagar exames, procedimentos caros e
medicamentos que enriquecem a indústria farmacêutica
e fabricantes de próteses e
aparelhos de reabilitação.
Uma consequência dessa
opção sentem os pacientes
de diabetes. Quando não têm
acompanhamento na atenção básica, acabam desenvolvendo problemas que podem levar a amputações.
No Rio, 53% dos diabéticos
que chegam aos hospitais de
emergência acabam em amputações. Ações de prevenção as reduzem em 60%.
Vários outros problemas,
como tuberculose, hipertensão e mortalidade infantil e
materna, podem ser controlados quando há uma busca
ativa das equipes da ESF.
Por que alguns municípios
não aderiram à Saúde da Família? São interesses ideológicos? Optam pela atenção à
doença e pelo cuidado hospitalar, aumentando as emergências? São interesses financeiros e mercadológicos
que se unem ao interesses
dos planos de saúde?
Enquanto isso, quem perde é a população...
MARIA ALICE PESSANHA DE CARVALHO é
pesquisadora da Ensp/Fiocruz
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