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VIOLÊNCIA
Relatório de 97 da Ouvidoria da Polícia mostra que o comportamento do policial é maior preocupação
Abuso de autoridade é mais denunciado
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O relatório anual de 97 da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, que
será divulgado hoje de manhã pelo
governador Mário Covas, faz três
constatações:
1) A população deixou de se importar tanto com problemas estruturais da polícia para se preocupar mais com os eventuais comportamentos violentos ou corruptos de policiais;
2) Pesam contra a Polícia Militar, com mais frequência, as denúncias de violência, enquanto
contra a Polícia Civil, os casos de
corrupção;
3) Por fim, que o perfil do denunciante é o trabalhador pobre
que vive na periferia da cidade.
No relatório de 1996, o combate
aos pontos de drogas e a falta de
policiamento foram as duas principais reclamações das pessoas
que procuraram a ouvidoria. O
abuso de autoridade -que reflete
o mau comportamento do policial- apareceu em terceiro lugar,
representando 11,2% das denúncias (veja quadro ao lado).
No ano passado, o abuso de autoridade passou a ser a principal
denúncia na ouvidoria -599 casos (15,8%).
"A preocupação específica com
o comportamento do policial
ocorreu, principalmente, depois
do episódio da favela Naval", disse
o ouvidor Benedito Domingos
Mariano, referindo-se às cenas de
PMs espancando e atirando contra
um homem durante uma blitz.
O caso favela Naval foi divulgado
pela TV no dia 31 de março. No
primeiro trimestre, a ouvidoria
havia recebido 89 denúncias de
abuso de autoridade. No trimestre
seguinte a esse episódio de repercussão, as denúncias contra abuso
de autoridade saltaram para 202.
"A população ficou mais atenta
à violência policial. Em 96, a preocupação era com a falta de polícia.
Atualmente, é com o comportamento da polícia", disse Mariano.
Ele diz ter constatado também
que a "PM é mais violenta e a Polícia Civil, mais corrupta".
A PM é acusada de cometer mais
abuso de autoridade (372 casos de
um total de 599 envolvendo as
duas polícias) e mais homicídios
(83 de um total de 101).
Já a Polícia Civil recebeu mais
denúncias de corrupção (60 de 74)
e de extorsão (148 de 206).
Por último, uma pesquisa da ouvidoria mostrou que o cidadão
que procura pessoalmente o órgão
para fazer alguma reclamação
contra a polícia é branco (76%),
casado (42%), empregado (87%),
tem o segundo grau (77%) e mora
na periferia da cidade (65%).
"Durante muito tempo se dizia
que quem sofria violência policial
era o marginal. Constatamos que é
o trabalhador pobre", afirmou
Mariano.
No ano passado, 3.748 denúncias foram encaminhadas para as
corregedorias das polícias.
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