São Paulo, Sábado, 03 de Julho de 1999
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CASO DINIZ
Humberto e Horácio Paz divulgaram carta antes de viajar
Presos terminam greve de fome de 11 dias e voltam para a Argentina

MALU GASPAR
da Reportagem Local

Os últimos sequestradores do empresário Abílio Diniz que ainda estavam presos no Brasil, os irmãos argentinos Humberto e Horácio Paz, foram transferidos ontem para seu país, encerrando uma greve de fome de 11 dias.
Na Argentina, eles devem continuar presos, mas os advogados das organizações de direitos humanos que os apóiam devem entrar já na próxima semana com pedido de liberdade condicional.
A legislação argentina para esses casos é igual à brasileira - o preso tem direito à condicional desde que tenha cumprido dois terços da pena, com bom comportamento. Os argentinos, que foram condenados a 17 e 18 anos, estão presos há quase dez.
A transferência dos dois foi possível devido a um tratado da Argentina com o Brasil, aprovado no Congresso brasileiro já na segunda greve de fome.
O tratado, que não havia sido aprovado pelo Congresso argentino, passou a vigorar depois de um acordo entre os dois países determinando a sua antecipação. Tratados idênticos foram assinados com Canadá e Chile, que, diferente da Argentina, tiveram a medida referendada pelos seus Parlamentos.
Foi a terceira vez que os sequestradores de Diniz pararam de comer para reivindicar a sua transferência ou a libertação. Presos desde 1989, os cinco chilenos, dois canadenses e um brasileiro, além dos irmãos Paz, afirmavam estar sendo discriminados pela Justiça, que não lhes dava a progressão penal a que diziam ter direito.
Só com a segunda greve, que durou 46 dias, chilenos, canadenses e o brasileiro tiveram suas reivindicações atendidas. Os chilenos continuam presos, mas os outros já estão em liberdade condicional.
Ontem, antes de viajar, os irmãos Paz divulgaram uma carta em que reafirmaram seu arrependimento pelo sequestro, que consideram um erro político. O crime, que foi desvendado um dia antes das eleições, foi relacionado a Lula, então candidato a presidente.
Os sequestradores, que sustentam que o crime tinha o objetivo de conseguir fundos para a guerrilha de El Salvador, pediram desculpas pelos danos causados à esquerda brasileira. O resgate pedido era de US$ 30 milhões.



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