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BARBARA GANCIA
Você é Fla ou Flu?
A crise aérea não é problema só para as elites que colocam seus prósperos traseiros
em poltronas de avião
"A AVIAÇÃO BRASILEIRA enfartou de vez e o governo
finge não ver. Mas é bom
começar a se mexer. Por conta da infra-estrutura e dos índices de acidentes aéreos, baixos para padrões
internacionais, nosso sistema aéreo
é classificado pela Organização de
Aviação Civil Internacional como
categoria 1, em paridade com Europa e EUA.
Mas, devido aos problemas ocorridos ultimamente, existe o risco de
o Brasil ser rebaixado para categoria
2, a mesma, diga-se, usada para classificar a Argentina. Note que, por ser
categoria 2, vários países africanos
não podem voar seus aviões de bandeira nos Estados Unidos."
Os dois parágrafos acima, de minha autoria, foram publicados neste
espaço em 22 de junho, ou seja, 25
dias antes do maior desastre aéreo
da história do país.
Pois, na quarta-feira, o brigadeiro
Jorge Kersul, que comanda a investigação sobre o acidente com o Airbus da TAM, repetiu a advertência.
Disse ele que a ação dos deputados
que escancaram publicamente toda
e qualquer informação sobre a investigação para obter algum benefício político "pode resultar no rebaixamento do Brasil por agências internacionais de aviação".
A malha aérea do país ter se desintegrado não é só um problema para
os "ricos" que colocam seus prósperos traseiros em poltronas de avião.
Trata-se de uma deficiência de infra-estrutura que afeta em cheio a
economia do país e tira empregos de
milhares de "pobres".
Coloco entre aspas os termos "ricos" e "pobres" em razão de um triste fenômeno que nos acometeu desde o surgimento do escândalo do
mensalão, quando os petistas foram
pegos com a mão na massa tentando
aparelhar o Estado, ou seja, colocando gente do PT em tudo que é cargo
público de alguma importância.
Desde então, o país, incentivado pelo próprio presidente da República,
passou a viver em clima de Fla-Flu,
de uma rivalidade que não admite
meios-termos.
Se você apóia Lula só pode ser a favor dos "pobres" e da "classe trabalhadora". E se está entre aqueles que
comemoraram as vaias a Lula na
abertura do Pan, deve ser do tipo
que defende os interesses da elite. É
lá ou cá, como se fôssemos um bando de torcedores infantilizados.
Pois veja só que coisa: eu acho um
escândalo, em oito anos de governo,
um partido como o PSDB, que traz o
termo "social" no nome, não notar
que era impreterível desonerar os
itens da cesta básica. E penso que
Lula teve sensibilidade ao baratear o
custo do arroz e do feijão.
Acho também que quem está cansado, que deite no sofá. O movimento "Cansei" tem entre seus idealizadores gente a quem eu não confiaria
meu cão, Pacheco Pafúncio, para dar
uma volta no quarteirão. Há problemas também de outra ordem. Um
dos organizadores do "Cansei", Luiz
Flávio D'Urso, presidente da OAB-SP, diz que o movimento é apolítico,
mas nutre pretensões de chegar à
prefeitura de São Paulo.
Por outro lado, eu participaria de
qualquer mobilização pública contra a corrupção. Caminharia pelas
ruas orgulhosamente ao lado dos familiares das vítimas do desastre da
TAM, do caos na saúde pública, do
acidente na obra do metrô e das
mortas em estradas não privatizadas e entregues ao abandono. Isso
me coloca de que lado? Respostas
para o e-mail abaixo.
barbara@uol.com.br
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