São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Greves e pedidos de demissão levam caos à saúde no Nordeste

Estados de Alagoas, Ceará, Pernambuco e Paraíba têm médicos parados

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
DA AGÊNCIA FOLHA

Greves e pedidos de demissões de médicos por melhores salários têm causado uma situação de caos no sistema de saúde de Estados do Nordeste.
Ontem, 143 médicos da rede pública de Alagoas pediram demissão. Em greve há dois meses, eles pararam de negociar com o governo, que oferece 5% de reajuste contra os 50% pedidos pela categoria. Os profissionais devem cumprir o aviso prévio de 30 dias.
Em Pernambuco, já chega a 111 o número de médicos que pediram demissão. Outros 250 entregaram cartas de intenção ao sindicato. Um dia após o governo anunciar que vai enviar os doentes emergenciais para Paraíba e Ceará em helicópteros equipados com UTI, os dois Estados afirmaram já estar sobrecarregados.
Apesar disso, o governo do Ceará aceitou receber pacientes graves do Estado vizinho. Para o secretário da Saúde, João Ananias, negar atendimento é desrespeitar o juramento médico. Ele pôs à disposição dois hospitais na região do Cariri. Caso não consigam dar conta, disse que pedirá ajuda ao Ministério da Saúde.
Na Paraíba, servidores estaduais e médicos estão em greve desde segunda, e os principais hospitais de João Pessoa e Campina Grande estão lotados.
De acordo com o sindicato, 70% dos profissionais e dos serviços estão parados. Para a Secretaria da Saúde, 10% paralisaram as atividades.
Segundo o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de João Pessoa, 60% dos 150 pacientes diários são rejeitados na porta das unidades.
Em Alagoas, na região metropolitana de Maceió, os cinco prontos-socorros que prestam atendimento ambulatorial à população estão fechados.
O secretário da Saúde, André Valente, diz que as demissões, que somam 1.600, representam menos de 10% da categoria, mas que o prejuízo é qualitativo. Segundo ele, caso seja necessário, serão contratados serviços na rede privada ou credenciada ao SUS.
Em Pernambuco, das três maiores emergências, todas em Recife, apenas a do Hospital da Restauração funcionou ontem com todas as especializações, devido ao auxílio das Forças Armadas e da Polícia Militar.
No Getúlio Vargas, dos 69 profissionais de traumatologia e cirurgias vascular e geral, 50 entregaram os cargos. No Otávio de Freitas, dos 15 traumatologistas, 13 se demitiram.
Os médicos que se afastaram do trabalho não cumpriram aviso prévio, o que agravou a situação nos hospitais.
O governador Eduardo Campos (PSB) disse que a negociação continua em aberto. Na semana que vem, o governo contratará 120 médicos para preencher as vagas nas emergências e pagará o que foi recusado pela categoria: R$ 3.150. (FÁBIO GUIBU, KAMILA FERNANDES, SÍLVIA FREIRE E CÍNTIA ACAYABA)


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