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Greves e pedidos de demissão levam caos à saúde no Nordeste
Estados de Alagoas, Ceará, Pernambuco e Paraíba têm médicos parados
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
DA AGÊNCIA FOLHA
Greves e pedidos de demissões de médicos por melhores
salários têm causado uma situação de caos no sistema de
saúde de Estados do Nordeste.
Ontem, 143 médicos da rede
pública de Alagoas pediram demissão. Em greve há dois meses, eles pararam de negociar
com o governo, que oferece 5%
de reajuste contra os 50% pedidos pela categoria. Os profissionais devem cumprir o aviso
prévio de 30 dias.
Em Pernambuco, já chega a
111 o número de médicos que
pediram demissão. Outros 250
entregaram cartas de intenção
ao sindicato. Um dia após o governo anunciar que vai enviar
os doentes emergenciais para
Paraíba e Ceará em helicópteros equipados com UTI, os dois
Estados afirmaram já estar sobrecarregados.
Apesar disso, o governo do
Ceará aceitou receber pacientes graves do Estado vizinho.
Para o secretário da Saúde,
João Ananias, negar atendimento é desrespeitar o juramento médico. Ele pôs à disposição dois hospitais na região
do Cariri. Caso não consigam
dar conta, disse que pedirá ajuda ao Ministério da Saúde.
Na Paraíba, servidores estaduais e médicos estão em greve
desde segunda, e os principais
hospitais de João Pessoa e
Campina Grande estão lotados.
De acordo com o sindicato,
70% dos profissionais e dos serviços estão parados. Para a Secretaria da Saúde, 10% paralisaram as atividades.
Segundo o Samu (Serviço de
Atendimento Móvel de Urgência) de João Pessoa, 60% dos
150 pacientes diários são rejeitados na porta das unidades.
Em Alagoas, na região metropolitana de Maceió, os cinco
prontos-socorros que prestam
atendimento ambulatorial à
população estão fechados.
O secretário da Saúde, André
Valente, diz que as demissões,
que somam 1.600, representam
menos de 10% da categoria,
mas que o prejuízo é qualitativo. Segundo ele, caso seja necessário, serão contratados serviços na rede privada ou credenciada ao SUS.
Em Pernambuco, das três
maiores emergências, todas em
Recife, apenas a do Hospital da
Restauração funcionou ontem
com todas as especializações,
devido ao auxílio das Forças
Armadas e da Polícia Militar.
No Getúlio Vargas, dos 69
profissionais de traumatologia
e cirurgias vascular e geral, 50
entregaram os cargos. No Otávio de Freitas, dos 15 traumatologistas, 13 se demitiram.
Os médicos que se afastaram
do trabalho não cumpriram
aviso prévio, o que agravou a situação nos hospitais.
O governador Eduardo Campos (PSB) disse que a negociação continua em aberto. Na semana que vem, o governo contratará 120 médicos para
preencher as vagas nas emergências e pagará o que foi recusado pela categoria: R$ 3.150.
(FÁBIO GUIBU, KAMILA FERNANDES, SÍLVIA FREIRE E CÍNTIA ACAYABA)
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