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Acusado de matar francês nos Jardins é preso em SP
Para a polícia, crime, ocorrido no dia da Parada Gay, não foi motivado por homofobia
Na página do suspeito no Orkut, no entanto, há uma série de ofensas e ameaças a homossexuais; ele ainda não constituiu advogado
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir das denúncias de um
adolescente e de informações
do site de relacionamentos Orkut, a polícia de São Paulo
prendeu anteontem o punk Genésio Mariuzzi Filho, 23, acusado do assassinato do turista
francês Grégor Erwan Landouar, 35. Conhecido como Antrax, ele estava no bairro do Glicério (região central de SP). De
acordo com a polícia, ele confessou o crime.
No Brasil há cerca de 15 dias
antes do crime, o turista foi esfaqueado na barriga, na alameda Franca, nos Jardins, área
nobre da zona oeste de São
Paulo, na noite do domingo 10
de junho. O único golpe, fatal, o
atingiu quatro dedos acima do
umbigo.
Landouar havia acabado de
deixar o restaurante Ritz, onde
tinha bebido com três homens
que participaram da 11ª edição
da Parada do Orgulho GLTB,
realizada na avenida Paulista
ao longo daquele domingo.
O jovem que indicou à polícia
a possível participação de Mariuzzi no crime é um dos investigados por outro crime cometido na região dos Jardins e do
qual o punk também é suspeito.
O garçom John Clayton Moreira Batista, 19, foi assassinado
com golpes de canivete no peito
quando bebia com amigos no
bar Amarelinho, na noite de 22
de junho. Ele ainda é acusado
de ter espancado o filho de um
boliviano na mesma região.
Homofobia
Apesar de ter recebido a informação do adolescente de
que o crime contra Landouar
teve motivação homofóbica, o
delegado Armando de Oliveira
Costa Filho, um dos diretores
do DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa), não acredita nessa versão.
Para o delegado, Mariuzzi e
outros dois punks -um deles
também ligado ao crime contra
o garçom Batista- atacaram
Landouar "para extravasar a
frustração de terem apanhado"
em uma briga anterior.
No dia seguinte ao crime, policiais do próprio DHPP haviam afirmado que a principal
linha de investigação apurava
se a motivação do crime havia
sido homofobia -e que a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância) estava
cuidando do caso. Por dois motivos: a realização da Parada do
Orgulho Gay e a região onde o
esfaqueamento ocorreu, uma
área dos Jardins freqüentada
por homossexuais.
Briga
Para o delegado, no entanto,
o que motivou o crime foi o fato
de o acusado e outros dois
punks terem sido espancados
por rivais, minutos antes do
crime, e terem resolvido se vingar em pessoas que nada tinham a ver com a briga.
Na sua página no Orkut, além
de várias ofensas e ameaças a
homossexuais, Mariuzzi mantinha uma foto na qual aparece
empunhando um faca e com a
seguinte legenda: "Olha a Faca!
Eu com a butterfly [borboleta]
pronto pra luta nas ruas!".
A polícia não sabe se a faca da
foto foi a mesma usada para
matar Landouar, pois o punk,
que era procurado pela Justiça
acusado de ter cometido um
roubo no início deste ano, disse
que perdeu a arma usada para
atingir o turista em uma outra
briga com rivais.
A polícia não permitiu que a
Folha entrevistasse o acusado,
que ainda não tem advogado de
defesa constituído.
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