São Paulo, sexta-feira, 03 de agosto de 2007

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Acusado de matar francês nos Jardins é preso em SP

Para a polícia, crime, ocorrido no dia da Parada Gay, não foi motivado por homofobia

Na página do suspeito no Orkut, no entanto, há uma série de ofensas e ameaças a homossexuais; ele ainda não constituiu advogado

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir das denúncias de um adolescente e de informações do site de relacionamentos Orkut, a polícia de São Paulo prendeu anteontem o punk Genésio Mariuzzi Filho, 23, acusado do assassinato do turista francês Grégor Erwan Landouar, 35. Conhecido como Antrax, ele estava no bairro do Glicério (região central de SP). De acordo com a polícia, ele confessou o crime.
No Brasil há cerca de 15 dias antes do crime, o turista foi esfaqueado na barriga, na alameda Franca, nos Jardins, área nobre da zona oeste de São Paulo, na noite do domingo 10 de junho. O único golpe, fatal, o atingiu quatro dedos acima do umbigo.
Landouar havia acabado de deixar o restaurante Ritz, onde tinha bebido com três homens que participaram da 11ª edição da Parada do Orgulho GLTB, realizada na avenida Paulista ao longo daquele domingo.
O jovem que indicou à polícia a possível participação de Mariuzzi no crime é um dos investigados por outro crime cometido na região dos Jardins e do qual o punk também é suspeito.
O garçom John Clayton Moreira Batista, 19, foi assassinado com golpes de canivete no peito quando bebia com amigos no bar Amarelinho, na noite de 22 de junho. Ele ainda é acusado de ter espancado o filho de um boliviano na mesma região.

Homofobia
Apesar de ter recebido a informação do adolescente de que o crime contra Landouar teve motivação homofóbica, o delegado Armando de Oliveira Costa Filho, um dos diretores do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), não acredita nessa versão.
Para o delegado, Mariuzzi e outros dois punks -um deles também ligado ao crime contra o garçom Batista- atacaram Landouar "para extravasar a frustração de terem apanhado" em uma briga anterior.
No dia seguinte ao crime, policiais do próprio DHPP haviam afirmado que a principal linha de investigação apurava se a motivação do crime havia sido homofobia -e que a Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e de Intolerância) estava cuidando do caso. Por dois motivos: a realização da Parada do Orgulho Gay e a região onde o esfaqueamento ocorreu, uma área dos Jardins freqüentada por homossexuais.

Briga
Para o delegado, no entanto, o que motivou o crime foi o fato de o acusado e outros dois punks terem sido espancados por rivais, minutos antes do crime, e terem resolvido se vingar em pessoas que nada tinham a ver com a briga.
Na sua página no Orkut, além de várias ofensas e ameaças a homossexuais, Mariuzzi mantinha uma foto na qual aparece empunhando um faca e com a seguinte legenda: "Olha a Faca! Eu com a butterfly [borboleta] pronto pra luta nas ruas!".
A polícia não sabe se a faca da foto foi a mesma usada para matar Landouar, pois o punk, que era procurado pela Justiça acusado de ter cometido um roubo no início deste ano, disse que perdeu a arma usada para atingir o turista em uma outra briga com rivais.
A polícia não permitiu que a Folha entrevistasse o acusado, que ainda não tem advogado de defesa constituído.


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