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URBANISMO
Anistia a comércio irregular atinge 39 trechos do bairro; proposta, de autoria de vereador do PT, pode ser votada hoje
Projeto faz Pacaembu virar bairro comercial
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Às voltas com descaracterização de sua tradição residencial, o bairro do Pacaembu -tombado como patrimônio histórico pelo Estado- pode sofrer nova derrota para o comércio irregular.
Projeto do vereador José Mentor (PT), que pode ser votado hoje
na Câmara Municipal, propõe a
anistia provisória ao comércio irregular de ruas classificadas como
corredores de uso especial. Das 67
vias do bairro, 13 são corredores
em trechos ou em sua totalidade.
Além disso, o projeto legaliza
também o comércio irregular nas
quadras que fazem limite com os
corredores. Por essa razão, associações de moradores calculam
que, no total, 39 ruas sejam total
ou parcialmente transformadas
em áreas comerciais.
O projeto remete a solução definitiva para o comércio irregular à
nova Lei de Zoneamento. O Plano
Diretor, aprovado há dez dias pela
Câmara, dá o prazo até 30 de abril
para a legislação ser criada.
Caso a nova lei reprove o comércio nos corredores, os anistiados terão prazo de 180 a 360 dias
para se adequar às novas normas,
segundo a proposta de Mentor.
Os corredores, vias que cortam
bairros estritamente residenciais,
foram criados em 1981. A partir de
projeto de lei do então prefeito
Reynaldo de Barros, passaram a
ser permitidos pequenos estabelecimentos de comércio local (como padarias) e serviços.
Há 53 corredores na cidade, a
maioria invadida por comércio irregular, como grandes lojas e concessionárias. Em 1997, o promotor da Habitação e Urbanismo
João Lopes Guimarães Júnior entrou com ação na Justiça contra a
prefeitura obrigando-a a cumprir
a lei e a fechar 183 estabelecimentos irregulares em corredores, 43
apenas na alameda Gabriel Monteiro da Silva (zona oeste).
A prefeitura recorreu até ao Superior Tribunal de Justiça, mas
perdeu todos os recursos.
"Esses comerciantes vieram para cá cientes da irregularidade.
Não são como as pessoas que vivem em loteamentos clandestinos
na periferia. Anistiá-los é um estímulo ao desrespeito à lei", afirma
Iênidis Bonfati, presidente da Viva Pacaembu por São Paulo.
Segundo ela, a mudança na legislação revoltou tanto a população local que as três associações que a representam -Viva Pacaembu, Bairro Vivo e Associação
dos Moradores e Amigos do Pacaembu, Perdizes e Higienópolis- se uniram para combatê-la.
De acordo com o promotor Guimarães Júnior, aprovado o projeto, a situação pode se inverter na Justiça. "Em princípio, ficamos de mãos atadas. Trata-se de
uma nova lei que se sobrepõe."
A Folha procurou Mentor, ontem, durante a tarde e à noite. Segundo sua assessoria de imprensa, ele não pôde responder às ligações por problemas de saúde na família.
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