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PLANO DIRETOR
Ministério Público deu prazo para que presidente da Câmara identifique responsável por alterações na lei de zoneamento
Promotor quer nome do autor de emenda
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público deu dez
dias, a contar do último dia 29, para que a Câmara Municipal identifique os autores das mudanças
no zoneamento que atingiram 11
regiões de São Paulo.
Em ofício enviado ao presidente
da Casa, José Eduardo Cardozo
(PT), o promotor de Justiça de
Habitação e Urbanismo Carlos
Alberto Amin Filho pediu que seja apontada a autoria dos trechos
do projeto em que as alterações
propostas foram incluídas.
As mudanças surgiram na forma de emendas, incorporadas de
última hora ao texto do Plano Diretor, aprovado no último dia 23,
mas, até agora, sua autoria não foi
esclarecida pelos vereadores.
Após as alterações, sete das 11
regiões tiveram seu uso modificado de estritamente residencial para misto. Com isso, passou a ser
permitida a existência de prédios,
de comércios e de serviços onde
só podia haver casas.
O promotor também solicitou
as transcrições integrais das duas
audiências públicas realizadas na
Câmara para debater o projeto.
"Queremos tentar desvendar esse
mistério. Com as transcrições,
pretendemos saber se as alterações foram discutidas", disse. Segundo Amin Filho, toda mudança
deveria ter passado por discussão.
Na semana passada, um grupo
de vereadores de diferentes partidos, inclusive petistas, enviou
uma carta à prefeita Marta Suplicy (PT) pedindo que ela vete as
mudanças feitas no projeto.
Esses vereadores alegam que as
alterações não foram discutidas
antes da votação.
Pelo ofício enviado à Câmara,
Cardozo é quem tem de responder ao Ministério Público. "Ele é o
primeiro a dar informações, mas
isso não quer dizer que elas se esgotem com ele", disse Amin Filho.
Caso Cardozo não responda à
Promotoria, ele pode estar sujeito
à punição, que pode chegar a três
anos de prisão, por não atender a
um pedido do Ministério Público.
"Pedi para os membros da comissão que elaborou o projeto
[Nabil Bonduki (PT), José Mentor
(PT), Toninho Paiva (PL) e bispo
Atílio Francisco (PTB)" dizerem
quem são os autores. Formalmente, não há emendas, o que há
é um projeto substitutivo apresentado por eles", disse Cardozo.
Segundo o presidente, os vereadores têm 72 horas, a partir da
tarde de ontem, para dizer quem
foram os autores da emendas.
Desde que o Plano Diretor foi
aprovado pela Câmara, nenhum
vereador assumiu a autoria das
mudanças. Ontem, procurados
pela Folha, os vereadores voltaram a negar a responsabilidade
pelas alterações. "Meu nome só
foi colocado no projeto em termos fictícios, para dizer que havia
uma comissão para fazer o plano.
Mas quem tomou conta foi o Nabil, assessorado pelo governo e
pelo Mentor", disse Paiva.
Para o vereador, a responsabilidade pelas mudanças não é da comissão e sim do líder do governo,
Arselino Tatto. "Ainda que as
mudanças tenham sido feitas pelo
Mentor [que deixou a liderança
do governo no início de agosto",
Tatto já era o líder e, se ele consentiu, também é responsável", disse.
Segundo Paiva, as mudanças
"estranhamente" não foram discutidas na comissão formada para concluir o texto do projeto.
Tatto negou que tenha responsabilidade pelas mudanças. "Não
apresentei nenhuma emenda.
Quem incorpora ou não as emendas é o relator do projeto", disse.
Mas o relator da proposta, Nabil
Bonduki, disse que já recebeu as
emendas prontas.
Em entrevista à Folha, publicada no último dia 28, Bonduki afirmou que as mudanças teriam sido apresentadas por Mentor como reivindicações da base governista. Na mesma ocasião, Mentor
afirmou ter recebido emendas de
vereadores, mas disse ter esquecido quem eram seus autores.
Atílio Francisco não quis se manifestar sobre o caso. Mentor não
pôde falar com a Folha por motivo de doença na família.
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