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Cai número de queimadas na época de seca
Prática foi reduzida a quase a metade no país entre maio e agosto de 2006 em relação ao mesmo período dos últimos 4 anos
Causas apontadas são crise no setor agrícola, mais
chuvas nas regiões Norte e Centro-Oeste e fiscalização mais intensa do Ibama
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
O número de queimadas diminuiu quase pela metade no
Brasil neste ano no começo do
período crítico -que vai de
maio a agosto, época mais seca- em comparação com o
mesmo período dos últimos
quatro anos (2002 a 2005).
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, essa redução
tem como causa, principalmente, três fatores: a crise no
setor agrícola, que reduziu a
necessidade das queimadas, o
aumento das chuvas nas regiões Norte e Centro-Oeste do
país e uma fiscalização mais intensa por parte do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis).
De acordo com informações
obtidas pelo satélite Noaa 12,
do Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais), foram
detectados 37.534 focos de calor entre 1º de maio e 31 de
agosto de 2006. Em período
equivalente do ano, haviam sido detectados 74.113 em 2005,
73.308 em 2004, 61.499 em
2003 e 72.694 em 2002.
O Inpe utiliza 15 satélites para coletar dados, mas, segundo
Alberto Setzer, pesquisador do
instituto e responsável pelo
monitoramento das queimadas, o Noaa 12, que foi lançado
em 1992, é o mais preciso para
identificar focos de incêndio.
Causas
Especialistas apontam a crise
do agronegócio como a maior
responsável pela redução dos
focos de incêndio em Mato
Grosso e Pará, Estados campeões em queimadas.
"Quando há um cenário em
que a agropecuária está em expansão, queima-se mais, e não é
o que está ocorrendo neste
ano", disse Setzer.
No setor agropecuário, o fogo
é utilizado para abrir novas
áreas de produção, para renovar as pastagens e para limpeza
e preparação de terrenos.
"Ao desacelerar a produção
de soja e grãos em geral, as
queimadas e o desmatamento
também é desacelerado", disse
Alexandre Coutinho, da Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária)
Outro fator que colaborou
para a queda nas queimadas foi
o aumento das chuvas na região
Norte e Centro-Oeste.
"Está chovendo bem mais do
que nos anos anteriores. Não
observamos a seca que ocorreu
na região amazônica de 2002 a
2005. Neste ano, choveu bastante em junho e agosto em
Rondônia, Acre, Roraima, Mato Grosso e parte do Pará", disse Expedito Rebello, meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).
"O aumento do índice pluviométrico diminuiu o risco de incêndios. A população não coloca fogo quando não tem certeza
de que vai se espalhar", disse
Heloiso Figueiredo, coordenador nacional do Prevfogo (Sistema Nacional de Prevenção e
Combate aos Incêndios Florestais), órgão ligado ao Ibama.
O aumento do combate às
queimadas e ao desmatamento
também contribuiu para a diminuição de focos do calor.
Segundo dados do Ibama, 89
operações de fiscalização foram concluídas em 2006 e 17
estão em andamento na Amazônia Legal, com a participação
de 745 fiscais.
Tempo seco em SP
No último mês, as queimadas
foram proibidas na região de
Ribeirão Preto devido a situações críticas da umidade relativa do ar. Nos dias 21 e 22 de
agosto deste ano, Ribeirão e outras cidades da região estavam
em estado de emergência, pois
a umidade relativa do ar registrou índices abaixo de 12%.
Devido ao tempo seco, as
queimadas foram proibidas em
certos horários e por vezes durante alguns dias inteiros.
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