São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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Sobe para 43 o número de presos em operação da PF

Polícia apura como grupo que cavava túnel no centro de Porto Alegre tinha informações privilegiadas sobre segurança dos bancos e subterrâneo da cidade

Mais 4 prisões de acusados de integrar quadrilha ligada ao PCC e ao roubo do BC em 2005 ocorreram no Tocantins, Ceará e Pará

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Subiu para ao menos 43, desde a noite de anteontem, o número de presos pela megaoperação da Polícia Federal que desarticulou uma quadrilha especializada em roubo a banco ligada à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e ao assalto ao Banco Central de Fortaleza, em 2005. As novas prisões da Operação Facção Toupeira foram no Tocantins, Ceará e Pará. A PF apura como o grupo que agia em Porto Alegre (RS), onde 26 foram presos anteontem, tinha dados sobre os bancos e o subterrâneo da cidade. O delegado que comandou a ação, Ildo Gasparetto, disse ontem ter "praticamente certeza" de que foram repassadas informações privilegiadas ao bando. A PF estranha o conhecimento, pelos criminosos, do mapa subterrâneo de Porto Alegre e do sistema de segurança dos bancos. O grupo, que cavava um túnel para assaltar agências do Banrisul e da Caixa Econômica Federal no centro da cidade, pretendia agir no feriado de 7 de setembro e arrecadaria de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões, segundo estimativa do superintendente da PF gaúcha, José Francisco Mallmann. Nessa data, haveria tranqüilidade para operar, e os bancos teriam dinheiro de pagamentos do início do mês. Os 26 detidos foram transferidos anteontem à noite, sob forte aparato da PF, para o Presídio de Alta Segurança da Charqueadas (60 km da cidade). Todos tiveram seus nomes divulgados ontem. Eles terão seus destinos definidos a partir de amanhã. Como as ordens de prisão foram expedidas pela Justiça de Fortaleza, devem ser transferidos para o Ceará ou seguir para o Presídio Federal de Catanduvas (PR). Segundo a PF, os presos na operação Facção Toupeira fazem parte da quadrilha responsável pelo furto ao BC de Fortaleza, o maior já realizado no país -foram levados R$ 164,8 milhões por um túnel.

Casa
Uma das estratégias do grupo de Porto Alegre para manter a discrição foi alugar um sobrado de três pavimentos, no bairro Partenon. Era de lá que os chefes do bando coordenavam o esquema. Quatro foram presos no local. Outros 22 estavam no prédio no centro de onde saía o túnel já com 80 m -faltavam 30 m para o Banrisul. Andréia Aguiar, 23, funcionária da loja ao lado da casa, se disse "surpresa" com as prisões. "Eles diziam que eram de Minas Gerais." Um casal e dois filhos (um criança e outro pré-adolescente) eram os moradores da casa. O pai dizia ser engenheiro e tinha uma Toyota com placas de São Leopoldo (RS). A operação em Porto Alegre envolveu 37 policiais gaúchos e 63 de elite que chegaram de Brasília na tarde de quinta-feira. Anteontem foram feitas prisões em outros sete Estados.

Novas prisões
Os dois detidos no Tocantins são irmãos. Estavam numa fazenda em Miranorte (159 km de Palmas) pertencente a Raimundo Laurindo Barbosa Neto, preso anteontem em Parnaíba (a 356 km de Teresina). Os dois são primos de Barbosa Neto, que, conforme a PF piauiense, disse ter ficado com R$ 4,8 milhões do furto ao BC. Na capital cearense foi preso na manhã de ontem Adelino Angelim de Sousa Neto. De acordo com a PF, ele é proprietário de uma loja de autopeças e tem ligação com Barbosa Neto. Sousa Neto é acusado de ser um dos responsáveis pela lavagem do dinheiro furtado no BC e, segundo a PF, "adquiriu com a loja patrimônio não-condizente com a sua origem humilde e a ocupação de flanelinha que exercia até bem pouco tempo na orla de Fortaleza". No Pará, a PF prendeu anteontem em Marabá (568 km de Belém) Benedito Ferreira da Silva, subtenente da reserva da PM que também estaria ligado ao assalto na capital cearense.


Colaborou THIAGO GUIMARÃES , da Agência Folha


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