São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2008

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Fila para a córnea chega a zero em SP e no litoral

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A fila para o transplante de córneas na Grande São Paulo e no litoral chegou a "zero" na última segunda. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, foi a primeira vez na história que isso ocorreu em SP.
A melhora fez que o número de inscrições de pacientes na Central de Transplantes praticamente empatasse com o de cirurgias realizadas. Em agosto, 6,3 pacientes em média se inscreveram por dia, enquanto 6 transplantes foram feitos.
O técnico de laboratório Ivan Carlos de Mello, 38, foi um dos beneficiados. Ele conta que tinha ceratocone (afinamento progressivo da porção central da córnea) desde os 13 anos e que sua lente já não firmava em razão da deformação. Seu olho direito foi operado no hospital São Paulo 20 dias após sua inscrição. "Não tive a dor de cabeça da espera", diz. "Por ser SUS, até que estão de parabéns".
Luiz Augusto Pereira, coordenador da Central de Transplantes, coloca a parceria com o Banco de Olhos de Sorocaba, o maior do país, como fator primordial para o resultado.
"A secretaria passou a regular os transplantes em 2000, por meio da central. Antes ficava a cargo de cada banco de olhos de diferentes hospitais. O tempo de espera chegava a dois anos. Firmamos o acordo com o Banco de Olhos em 2005 e ele teve uma atuação grande em São Paulo, ajudando a diminuir a fila que era de 2.000 pessoas."
O banco de olhos foi alvo de polêmica em 2007 em razão de uma disputa sobre qual profissional poderia captar córneas para transplante -enfermeiros ou técnicos. Os trabalhos foram paralisados por 60 dias.

Balanço
As três regiões em que a fila chegou a zero (capital, região metropolitana e litoral) são responsáveis por cerca de 50% das córneas captadas no Estado. Nesses locais, mais da metade dos procedimentos em agosto ocorreram menos de um mês após a inscrição, o que é considerado um período bom pelo presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), Valter Duro Garcia.
"É o tempo para a realização de avaliações e para marcar o procedimento", afirma.
Diferentemente da capital, o interior enfrenta dificuldades. A região de Campinas e Sorocaba, por exemplo, tem 431 pessoas na fila de espera.
Com a demanda atendida na capital, a secretaria quer voltar recursos para suprir necessidades no interior. "Poderemos direcionar nossas córneas para outras regiões. Uma hora a fila vai acabar no Estado inteiro", diz Luiz Augusto Pereira.
Há um grande contraste no número de transplantes de córneas no Brasil. Enquanto em São Paulo é feita quase a metade dos procedimentos -foram 4.920 em 2007- em outras regiões o serviço é quase inexistente, como em Alagoas -onde houve dois transplantes.


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