São Paulo, quinta-feira, 03 de setembro de 2009

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Vida mais longa muda as causas de mortes no Brasil

IBGE revela que expectativa de vida maior gera avanço de doenças mais complexas, aumentando os custos para o sistema de saúde

Trabalho mostra que as doenças cardiovasculares já respondem por mais de 40% dos óbitos ocorridos no país, ante 12% em 1950

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O aumento na expectativa de vida alterou o perfil das causas de morte no país e provocou o avanço das doenças mais complexas e onerosas, características de idades mais avançadas.
A conclusão é dos técnicos do IBGE, a partir da publicação "Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil", uma análise com base nos resultados do Censo Demográfico de 2000, de pesquisas por amostra de domicílio e de outros levantamentos do instituto.
De acordo com o estudo, ao menos três em cada quatro idosos do país relataram em 2003 sofrer com doenças crônicas.
Enquanto em 1950, 40% das mortes registradas no país decorriam de doenças infectocontagiosas, atualmente elas representam só 10%. Já as doenças cardiovasculares saíram de 12% para mais de 40%.
Doenças como essas custam mais aos cofres públicos, por exigirem tratamentos mais longos e complicados.
As mulheres são as que mais sofrem com as doenças crônicas: 80,2% das idosas convivem com o problema. Os dados mostram ainda que 64% relataram, na Pnad (Pesquisa Nacional em Domicílios) de 2003, mais de um mal crônico.
O estudo do IBGE mostra que o preço médio da internação no SUS é mais alto entre os idosos. O custo médio de cada hospitalização de pessoas com 60 anos ou mais atinge R$ 786, usando dados de 2006.
Isso ocorre principalmente porque essas internações são mais longas e causadas por doenças mais complexas do que as que acometem os mais jovens. Entre os que têm até 14 anos, o preço médio da internação pelo SUS é de R$ 529.
"O sistema de saúde tem que se preparar para atender pessoas com idade cada vez mais avançada", afirmou Maria Elisa Parahyba, pesquisadora do IBGE.
As principais causas de internações de idosos são insuficiência cardíaca, pneumonia e complicação de bronquite ou outras doenças pulmonares crônicas.
Outro indicador da saúde dos idosos apresentado na pesquisa é o índice de mobilidade (capacidade declarada de andar e subir escada sem dificuldades), obtido pelo Censo 2000.
Mapa produzido pelos técnicos do instituto mostra que o Nordeste concentra as mais altas taxas de incapacidade funcional. Norte e Centro-Oeste têm as mais baixas.
Para Parahyba, esse último dado indica que idosos na zona rural têm menos riscos de sofrer com a incapacidade funcional do que os da urbana. Uma das hipóteses levantadas pela pesquisadora são os estilos de vida diferentes no campo e na cidade. Mas ela pondera que o fato de a zona rural ter a expectativa de vida menor pode evitar que problemas na mobilidade apareçam como na cidade.


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