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Vida mais longa muda as causas de mortes no Brasil
IBGE revela que expectativa de vida maior gera avanço de doenças mais complexas, aumentando os custos para o sistema de saúde
Trabalho mostra que as doenças cardiovasculares
já respondem por mais de 40% dos óbitos ocorridos no país, ante 12% em 1950
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O aumento na expectativa de
vida alterou o perfil das causas
de morte no país e provocou o
avanço das doenças mais complexas e onerosas, características de idades mais avançadas.
A conclusão é dos técnicos do
IBGE, a partir da publicação
"Indicadores Sociodemográficos e de Saúde no Brasil", uma
análise com base nos resultados do Censo Demográfico de
2000, de pesquisas por amostra
de domicílio e de outros levantamentos do instituto.
De acordo com o estudo, ao
menos três em cada quatro idosos do país relataram em 2003
sofrer com doenças crônicas.
Enquanto em 1950, 40% das
mortes registradas no país decorriam de doenças infectocontagiosas, atualmente elas
representam só 10%. Já as
doenças cardiovasculares saíram de 12% para mais de 40%.
Doenças como essas custam
mais aos cofres públicos, por
exigirem tratamentos mais
longos e complicados.
As mulheres são as que mais
sofrem com as doenças crônicas: 80,2% das idosas convivem
com o problema. Os dados
mostram ainda que 64% relataram, na Pnad (Pesquisa Nacional em Domicílios) de 2003,
mais de um mal crônico.
O estudo do IBGE mostra
que o preço médio da internação no SUS é mais alto entre os
idosos. O custo médio de cada
hospitalização de pessoas com
60 anos ou mais atinge R$ 786,
usando dados de 2006.
Isso ocorre principalmente
porque essas internações são
mais longas e causadas por
doenças mais complexas do
que as que acometem os mais
jovens. Entre os que têm até 14
anos, o preço médio da internação pelo SUS é de R$ 529.
"O sistema de saúde tem que
se preparar para atender pessoas com idade cada vez mais
avançada", afirmou Maria Elisa
Parahyba, pesquisadora do
IBGE.
As principais causas de internações de idosos são insuficiência cardíaca, pneumonia e
complicação de bronquite ou
outras doenças pulmonares
crônicas.
Outro indicador da saúde dos
idosos apresentado na pesquisa
é o índice de mobilidade (capacidade declarada de andar e subir escada sem dificuldades),
obtido pelo Censo 2000.
Mapa produzido pelos técnicos do instituto mostra que o
Nordeste concentra as mais altas taxas de incapacidade funcional. Norte e Centro-Oeste
têm as mais baixas.
Para Parahyba, esse último
dado indica que idosos na zona
rural têm menos riscos de sofrer com a incapacidade funcional do que os da urbana. Uma
das hipóteses levantadas pela
pesquisadora são os estilos de
vida diferentes no campo e na
cidade. Mas ela pondera que o
fato de a zona rural ter a expectativa de vida menor pode evitar que problemas na mobilidade apareçam como na cidade.
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