São Paulo, quarta-feira, 03 de outubro de 2007

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outro lado

Delegado nega ter extorquido traficante

Pedro Luís Pórrio afirma estar com a "consciência tranqüila"; secretaria da Segurança não se manifestou sobre investigação

DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado Pedro Luís Pórrio, 58, atual chefe do SIG (Setor de Investigações Gerais), da 5ª Delegacia Seccional Leste, negou ontem que tenha coordenado a suposta extorsão mediante o seqüestro de Ana Maria Stein, uma das acusadas de ligação com o grupo criminoso chefiado pelo narcotraficante Juan Carlos Ramírez Abadía.
"Nunca tive a felicidade de fazer nenhuma investigação em cima de Abadía. Gostaria de fazer. Por quê? Um grande traficante e, nós, quando éramos do Denarc [departamento de narcóticos] gostávamos de fazer serviços grandes", disse Pórrio, que chefiou nove equipes de investigadores (com três policiais cada) no Denarc.
"Então, essa mulher [Ana Maria Stein] nunca passou pela minha delegacia [do Denarc]", continuou o delegado, que riu ao ser questionado se havia ficado com os US$ 800 mil que teriam sido pagos pelo resgate.
"Estou tranqüilo, não participei de nenhuma investigação. Quanto a esses fatos, não procede. Minha consciência está tranqüila. Nunca fiz investigação de quem quer que seja da quadrilha desse narcotraficante, " afirmou. O delegado disse não conhecer o empresário Daniel Maróstica nem sua mulher, Ana Maria Stein.
O delegado atribui o fato de o seu nome ter sido citado nos depoimentos como uma possível estratégia de eventuais policiais envolvidos na extorsão. "Pode ser que um policial tenha me vendido", afirmou.
O secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, não quis se manifestar sobre as supostas extorsões. Alegou, por meio de sua assessoria, que não comenta casos concretos -só fala de política da segurança.
A secretaria não quis informar onde trabalha o delegado Irani Guedes Barros, citado nos depoimentos como um dos participantes da suposta extorsão. A reportagem não conseguiu encontrá-lo.
A assessoria de Marzagão afirmou que, na próxima segunda, o delegado Fernando Costa Neto, da Corregedoria da Polícia Civil, vai ao presídio federal de Campo Grande ouvir Abadía sobre as supostas propinas pagas a policiais. Se Abadía falar, o depoimento ocorrerá 53 dias depois de a Folha ter revelado as primeiras informações sobre o caso. Na próxima terça-feira, Costa Neto deve ouvir três integrantes do grupo de Abadía presos em São Paulo.
Ainda segundo a assessoria da secretaria, a investigação sobre as supostas propinas não está na estaca zero. Foram feitas diligências que não podem ser divulgadas porque o inquérito na Corregedoria corre em segredo de Justiça. (MCC e AC)


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