|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Juíza rejeita a denúncia contra os 5 controladores
Para Zilah Petersen, normas que teriam sido violadas não foram especificadas
A promotora Ione de Souza Cruz, responsável pela denúncia, deverá ajuizar ainda hoje o recurso contra
a decisão da juíza
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
A juíza Zilah Petersen, da Auditoria da 11ª Circunscrição Judiciária Militar, não acatou a
denúncia do Ministério Público Militar contra cinco controladores de vôo envolvidos no
episódio do choque de um jato
Legacy com um Boeing da Gol
em setembro do ano passado,
alegando que não houve especificação das normas que teriam
sido violadas por eles.
Em seu despacho, assinado
na sexta passada e encaminhado ontem à tarde ao Ministério
Público, a juíza classifica a denúncia de "inepta" e alega que a
falta de especificação das normas impede que "os denunciados se defendam das acusações
que ali lhes são feitas".
A promotora da Justiça Militar Ione de Souza Cruz, responsável pela denúncia, deve ajuizar hoje recurso contra a decisão, argumentando que foram
apresentados os itens da ICA
100-12 (Instrução do Comando
da Aeronáutica número 100-12) que teriam sido desrespeitados pelos cinco controladores denunciados.
IPM
A denúncia foi feita com base
nas conclusões de um IPM (Inquérito Policial Militar), antecipadas ontem pela Folha, instaurado pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti
Saito. Os cinco controladores
foram indiciados no IPM por
falhas que teriam levado ao acidente e às 154 mortes.
O Ministério Público acolheu as acusações do IPM da
Aeronáutica e denunciou um
controlador, sargento Jomarcelo Fernandes dos Santos, por
crime de homicídio culposo e
os outros quatro por crime de
inobservância de lei, regulamento ou instrução.
Jomarcelo foi denunciado
como incurso no artigo 206 do
Código Penal Militar, que prevê pena de um ano a quatro
anos de detenção, agravada em
dois casos: inobservância de regra técnica de profissão, arte ou
ofício ou em caso de ocorrer
morte ou lesões corporais.
Neste caso, a pena é aumentada de um sexto até a metade.
Os demais foram o suboficial
João Batista da Silva e os sargentos Felipe dos Santos Reis,
Lucivando Tibúrcio de Alencar
e Leandro José Barros, denunciados por deixar de observar
lei, regulamento ou instrução,
dando, em conseqüência, causa
direta à prática de ato prejudicial à administração militar.
Caso venham a ser condenados, estarão sujeitos a detenção
de até seis meses, se o ato foi
praticado por tolerância, ou a
suspensão de três meses a um
ano, caso seja por negligência.
O encarregado pelo IPM, coronel aviador Luiz Claudio Ribeiro da Silva, assinou as conclusões no dia 18 de julho, o comandante o homologou no dia
seguinte e o encaminhou sob
sigilo para o Ministério Público
Militar, visando a denúncia na
Justiça Militar.
No seu despacho recusando
essa denúncia, a juíza não entra
no mérito das acusações, mas
diz que o ICA 100-12 tem mais
de 250 folhas e que não há detalhamento das normas em
que cada caso se encaixa.
Segundo a juíza, a denúncia
não atende ao artigo 77 do Código de Processo Penal Militar,
que exige que a denúncia contenha, entre outros, "a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias".
Incongruência
Ainda no seu despacho, ela
levanta o que considera "outra
incongruência": quatro dos denunciados já enfrentam processo na Justiça Federal em
Mato Grosso, podendo haver,
com isso, conflito de competência para julgá-los.
Caso a juíza acolha o recurso
da promotora, o processo irá
adiante. Caso contrário, o caso
deverá ir ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Texto Anterior: Consórcio aceitou acordo para parar obra, diz o Metrô Próximo Texto: Justiça dos EUA une processos de acidente da Gol Índice
|