São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

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USP terá cursos de graduação a distância

Programa deve ser implantado no próximo ano e prevê que USP, Unicamp e Unesp criem 6.600 vagas, sendo 5.000 de pedagogia

1º módulo do programa terá cursos para ampliar a oferta de vagas na formação de professor em áreas como física, química e biologia

Rodrigo Paiva - 14.fev.07/Folha Imagem
Gladys Gutierrez, que no ano passado fazia pedagogia a distância

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um programa que envolve o governo de São Paulo e as três universidades estaduais paulistas -USP, Unesp e Unicamp- pretende criar um sistema de ensino superior de graduação a distância, com ênfase na pedagogia, que prevê a abertura de 6.600 vagas já em 2009.
Segundo o secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt, está definida a abertura de 5.000 vagas no curso de pedagogia, da Unesp, 700 de licenciatura em biologia e outras 900 de licenciatura em ciências, na estrutura da USP. Esses números ainda podem sofrer mudanças.
O primeiro módulo do programa, conforme o plano, terá cursos de graduação para ampliar a oferta de vagas na formação de professores em áreas básicas, como línguas, física, química e biologia. Somente na rede estadual de São Paulo, há 25 mil professores sem diploma superior -10% do total.
O detalhamento do programa, chamado Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), vem sendo discutido desde 2007 por governo, universidades e outras instituições associadas, como a Fapesp e a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da TV Cultura.
O governador José Serra (PSDB) disse que o projeto é "fundamental". "É um instrumento novo, com um potencial grande, e nós temos que aprender, cada vez mais, a aproveitá-lo. Vai ser muito importante no ensino direto para os alunos, na formação de professores para complementar a sua formação universitária, na sua reciclagem continuada", disse.
Depois, o governo pretende expandir a Univesp para o sistema de gestão de ensino (cursos de capacitação oferecidos hoje pela rede estadual), além de cursos de especialização e de mestrado e doutorado.
A idéia, afirma Vogt, é criar uma rede virtual de ensino superior chancelada pelo prestígio acadêmico das estaduais.
Por meio da rede, o aluno poderá receber aulas, consultar uma biblioteca virtual e acompanhar pela TV o material de apoio pedagógico. O restante do programa pouco difere do ensino tradicional, com provas, aulas presenciais etc.
"Teremos um canal aberto 24 horas que repetirá a programação a cada oito horas", afirma o secretário Vogt. A grade curricular ficará a cargo das universidades.
O projeto prevê ainda bibliotecas e o uso da rede de unidades de ensino para as aulas presenciais -esse sistema, de acordo com o projeto, terá ao menos 70 pontos espalhados pelo Estado.

Instituto na USP
Na USP, a implantação dos cursos a distância de biologia e de ciências depende de aprovação de comissões internas.
Segundo Gil da Costa Marques, presidente da comissão na USP que debate o tema, outros institutos, como o de física, química e matemática, também foram procurados para propor a criação de cursos, mas a discussão ainda está no começo. "A idéia é instalar laboratórios em carretas, que seriam levadas de um pólo a outro. Os pólos seriam os campi da USP, na capital e no interior."
A USP também estuda a criação do IAE (Instituto de Aprendizado Eletrônico), que já está em estágio avançado. A Folha teve acesso ao projeto, que ainda falta ser votado no Conselho Universitário. De acordo com o documento, elaborado por uma comissão formada em dezembro de 2007, o IAE vai permitir a criação de uma diretriz de ensino eletrônico e ampliar a oferta desse mecanismo.
Segundo Marques, o instituto daria suporte à Univesp e também coordenaria o uso de recursos tecnológicos nos cursos presenciais, dando suporte operacional, pedagógico e à produção do material didático.
O plano do IAE prevê cinco docentes e um corpo técnico, com custo anual de R$ 1,19 milhão -0,05% do orçamento da USP, de R$ 2,3 bilhões.


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