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Famílias mudam de hábito para vida em condomínio
DE SÃO PAULO
Antes de se mudar para
um conjunto de habitação
popular da prefeitura em Heliópolis, a maior favela de
São Paulo, o eletricista José
Antônio Pereira nunca havia
pago uma conta de luz. Nem
de gás. Nem de água.
Com a nova casa, vieram
as despesas. Condomínio de
R$ 20, financiamento da casa
própria de R$ 80, conta de
água de R$ 8, R$ 17 de gás e
mais R$ 38 pela energia.
Pior que isso, ele teve de se
adaptar a regras rígidas de
convivência coletiva, como
não fazer barulho depois das
22h, não ouvir som alto, hora
certa para jogar o lixo fora e
um conjunto de nãos.
"A prefeitura tem de nos
ouvir mais. Cada família tem
uma necessidade própria. Eu
mesmo tive de diminuir a sala e aumentar o espaço do
quarto para caberem os meus
quatro filhos", diz Pereira.
No barraco onde morava
antes da mudança, estava
acostumado a construir puxadinhos para aumentar o
espaço para a família.
Para contornar problemas
como esse, a prefeitura agora
tem criado plantas com
"drywall", que permite uma
maior maleabilidade dos ambientes. Assim, quem quiser
pode aumentar a sala ou ter
apenas um quarto, em vez de
dois, como é entregue.
A empregada doméstica
Marinete dos Santos também
teve dificuldade de adaptação à vida coletiva quando se
mudou para o conjunto da
prefeitura em Paraisópolis.
"Na favela eu tinha mais
intimidade e mais liberdade
no meu barraco. Agora, tenho vizinhos que nunca vi na
vida e preciso respeitar as regras do prédio", afirma.
Com as dicas da patroa, ela
também decorou o novo
apartamento com sanca,
lâmpada dicroica e paredes
coloridas texturizadas.
A conta saiu cara -pouco
mais de R$ 4.000, mas parcelada em 24 meses no armazém de construção. A mão de
obra veio dos vizinhos pedreiros. E, como pagamento,
ajudou no mutirão do prédio.
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