São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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Famílias mudam de hábito para vida em condomínio

DE SÃO PAULO

Antes de se mudar para um conjunto de habitação popular da prefeitura em Heliópolis, a maior favela de São Paulo, o eletricista José Antônio Pereira nunca havia pago uma conta de luz. Nem de gás. Nem de água.
Com a nova casa, vieram as despesas. Condomínio de R$ 20, financiamento da casa própria de R$ 80, conta de água de R$ 8, R$ 17 de gás e mais R$ 38 pela energia.
Pior que isso, ele teve de se adaptar a regras rígidas de convivência coletiva, como não fazer barulho depois das 22h, não ouvir som alto, hora certa para jogar o lixo fora e um conjunto de nãos.
"A prefeitura tem de nos ouvir mais. Cada família tem uma necessidade própria. Eu mesmo tive de diminuir a sala e aumentar o espaço do quarto para caberem os meus quatro filhos", diz Pereira.
No barraco onde morava antes da mudança, estava acostumado a construir puxadinhos para aumentar o espaço para a família.
Para contornar problemas como esse, a prefeitura agora tem criado plantas com "drywall", que permite uma maior maleabilidade dos ambientes. Assim, quem quiser pode aumentar a sala ou ter apenas um quarto, em vez de dois, como é entregue.
A empregada doméstica Marinete dos Santos também teve dificuldade de adaptação à vida coletiva quando se mudou para o conjunto da prefeitura em Paraisópolis.
"Na favela eu tinha mais intimidade e mais liberdade no meu barraco. Agora, tenho vizinhos que nunca vi na vida e preciso respeitar as regras do prédio", afirma.
Com as dicas da patroa, ela também decorou o novo apartamento com sanca, lâmpada dicroica e paredes coloridas texturizadas.
A conta saiu cara -pouco mais de R$ 4.000, mas parcelada em 24 meses no armazém de construção. A mão de obra veio dos vizinhos pedreiros. E, como pagamento, ajudou no mutirão do prédio.


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