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HOMENAGEM
Missa foi celebrada por d. Paulo Evaristo Arns e pelo padre Júlio Lancellotti em cemitério onde estão enterradas vítimas
Ato para moradores de rua assassinados reúne mil pessoas
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
"Chega de albergue. São Paulo
tem 7.000 vagas. O povo da rua
precisa é de trabalho. O povo da
rua não é lixo", afirmou ontem o
padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua.
Ele se referia ao discurso do prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), no debate realizado
com a prefeita Marta Suplicy (PT)
na televisão, na sexta passada, antes das eleições. Serra afirmou que
a cidade precisava de mais albergues para a população de rua.
Cerca de mil pessoas assistiram
à missa celebrada ontem por d.
Paulo Evaristo Arns, arcebispo
emérito de São Paulo, e pelo padre Júlio Lancellotti, no cemitério
d. Bosco de Perus (zona norte).
A missa foi realizada em homenagem ao Dia de Finados e aos
moradores de rua mortos no centro de São Paulo no final de agosto. "Vamos rezar por aqueles que
os homens esquecem, sobretudo
os homens da rua que foram enterrados aqui", disse d. Paulo.
A missa ocorreu próximo ao
monumento erguido em memória aos presos políticos do regime
militar, enterrados em valas comuns e sem identificação.
Em seguida, ao som da música
"Pra não dizer que não falei das
flores", de Geraldo Vandré, os
fiéis caminharam em direção à sepultura dos moradores de rua.
Cerca de 30 crianças atendidas
pela Pastoral da Criança carregavam balões brancos e margaridas.
Quatro delas levavam às mãos a
bandeira do Brasil.
Cinco moradores de rua, quatro
homens e uma mulher, estão enterrados no cemitério. Não há lápides, nem fotos. Sobre os túmulos, uma camada de grama, ainda
crescendo, e, em cada um, uma
placa numerada, de um a cinco.
"Vamos pedir à Arquidiocese
de São Paulo um monumento para os moradores de rua como o
que foi feito para os presos políticos", disse o padre. "Já avisamos a
polícia que no dia 19 deste mês
[três meses após o massacre],
queremos saber quem são os culpados." Três policiais militares e
um segurança particular estão
presos por suposto envolvimento
nas mortes de sete moradores de
rua nos dias 19 e 22 de agosto.
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