São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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SP cancela 792 concessões de túmulo em 2004

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Personalidades como Tarsila do Amaral, Monteiro Lobato e a marquesa de Santos repousam no cemitério da Consolação. É o mais antigo de São Paulo, construído em 1858. Mas basta uma rápida olhada ao redor para quebrar o ar solene da história.
Do lado da sepultura da maior pintora modernista do país está um terreno coberto de mato, algo que também já foi túmulo. Falta pouco para que esse vizinho de Tarsila seja "despejado" dali.
Só neste ano o Serviço Funerário da Prefeitura de São Paulo cancelou a concessão de 792 terrenos em dez cemitérios porque os parentes dos mortos simplesmente abandonaram os túmulos.
"Quem recebe a concessão sabe que terá que cuidar da sepultura", diz Paulo Barros, chefe-de-gabinete do Serviço Funerário.
Dependendo do cemitério e do terreno, o valor da concessão pode se aproximar dos R$ 15 mil.
É longo o processo até que um túmulo seja retomado. O estado de ruína precisa ser constatado por um engenheiro. Depois disso, o Serviço Funerário tenta entrar em contato com os parentes do morto por meio de telefone, carta, telegrama e até anúncio no jornal.
Se ainda assim a sepultura continua abandonada, os restos mortais de quem estava enterrado são levados para um ossário, o túmulo é demolido e o terreno fica disponível para outra família.
Acostumado com essa situação, o coveiro Osmair Camargo, do cemitério do Araçá, na avenida Doutor Arnaldo, lança suas hipóteses: "Às vezes a pessoa não cuida porque é relapsa ou porque se mudou para a América. Mas também deve haver gente que está dura mesmo, sem dinheiro para contratar um jardineiro".


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