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SP cancela 792 concessões de túmulo em 2004
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Personalidades como Tarsila do
Amaral, Monteiro Lobato e a
marquesa de Santos repousam no
cemitério da Consolação. É o
mais antigo de São Paulo, construído em 1858. Mas basta uma
rápida olhada ao redor para quebrar o ar solene da história.
Do lado da sepultura da maior
pintora modernista do país está
um terreno coberto de mato, algo
que também já foi túmulo. Falta
pouco para que esse vizinho de
Tarsila seja "despejado" dali.
Só neste ano o Serviço Funerário da Prefeitura de São Paulo
cancelou a concessão de 792 terrenos em dez cemitérios porque
os parentes dos mortos simplesmente abandonaram os túmulos.
"Quem recebe a concessão sabe
que terá que cuidar da sepultura",
diz Paulo Barros, chefe-de-gabinete do Serviço Funerário.
Dependendo do cemitério e do
terreno, o valor da concessão pode se aproximar dos R$ 15 mil.
É longo o processo até que um
túmulo seja retomado. O estado
de ruína precisa ser constatado
por um engenheiro. Depois disso,
o Serviço Funerário tenta entrar
em contato com os parentes do
morto por meio de telefone, carta,
telegrama e até anúncio no jornal.
Se ainda assim a sepultura continua abandonada, os restos mortais de quem estava enterrado são
levados para um ossário, o túmulo é demolido e o terreno fica disponível para outra família.
Acostumado com essa situação,
o coveiro Osmair Camargo, do
cemitério do Araçá, na avenida
Doutor Arnaldo, lança suas hipóteses: "Às vezes a pessoa não cuida porque é relapsa ou porque se
mudou para a América. Mas também deve haver gente que está
dura mesmo, sem dinheiro para
contratar um jardineiro".
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