São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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SP repassa mais R$ 90 mi a viações de ônibus

Kassab ampliou repasse às empresas para evitar aumento da tarifa; até o final do ano, total de subsídios deve chegar a R$ 600 mi

Foi o terceiro aumento autorizado em três meses; recursos, segundo a prefeitura, têm origem no superávit da arrecadação

RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para cumprir uma de suas principais promessas de campanha, a de não elevar o preço da passagem do transporte coletivo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) aumentou na última sexta-feira em mais R$ 90 milhões o montante destinado aos repasses às empresas de ônibus de São Paulo.
Até setembro, a prefeitura já havia repassado R$ 470 milhões às empresas. O total de subsídios até o final do ano deve ficar próximos à soma recorde de R$ 600 milhões -o dobro do gasto em 2006 e 65% a mais que os R$ 392 milhões de 2007.
Cerca de R$ 600 milhões é também quanto a prefeitura prevê gastar em 2009 com subsídios às empresas. O valor é superior ao previsto para 13 secretarias. Equivale a mais de três vezes a previsão para a Secretaria de Esporte, Lazer e Recreação (R$ 188,9 milhões) e quase duas vezes os R$ 313 milhões previstos para a Cultura.
Foi o terceiro aumento autorizado em três meses. Em setembro, mais R$ 90 milhões já haviam sido creditados e, em agosto, R$ 30 milhões.
Os recursos, segundo a prefeitura, têm origem no superávit da arrecadação municipal. Os subsídios são destinados a cobrir a diferença entre os custos do transporte, declarados pelas empresas de ônibus, e o total arrecadado em passagens.
O último reajuste da passagem ocorreu em novembro de 2006, de R$ 2 para R$ 2,30. Técnicos da SPTrans (empresa que administra o transporte coletivo) avaliam que a manutenção da tarifa só será possível com aumentos sucessivos dos repasses, caso não haja reajuste em 2009, como diz a prefeitura.

Acima da média
A média mensal do déficit nos últimos 12 meses foi de cerca de R$ 45 milhões. Entre os benefícios que contribuem para o "rombo" mensal estão o Bilhete Único e gratuidades a idosos, estudantes e deficientes.
No segundo semestre, entretanto, os repasses têm ficado bem acima dessa média.
Em setembro, o subsídio ficou na casa dos R$ 68 milhões. Julho atingira o recorde: R$ 86 milhões -mais que o dobro da média até então.
A disparada começou em julho, mesmo mês em que o prefeito Kassab, então candidato à reeleição, aumentou de duas para três horas o tempo que os usuários do Bilhete Único têm para pegar quatro ônibus pagando apenas uma tarifa.
Kassab anunciou que o benefício custaria R$ 80 milhões, pagos com recursos economizados no combate a fraudes, e que atenderia 800 mil pessoas.
Durante a campanha eleitoral, a reportagem pediu à Secretaria dos Transportes levantamentos de custos e quantidade de usuários do benefício. Jamais obteve resposta.
Ontem, a pasta também não se manifestou. A assessoria do prefeito não retornou contato até a conclusão desta edição.
O aumento do uso do transporte público nos últimos anos também não justifica o aumento dos repasses. Desde 2005, o crescimento médio da quantidade de passageiros de ônibus foi de 3,4% -longe dos 74% de incremento nos repasses.


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