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SP repassa mais R$ 90 mi a viações de ônibus
Kassab ampliou repasse às empresas para evitar aumento da tarifa; até o final do ano, total de subsídios deve chegar a R$ 600 mi
Foi o terceiro aumento autorizado em três meses; recursos, segundo a prefeitura, têm origem no superávit da arrecadação
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para cumprir uma de suas
principais promessas de campanha, a de não elevar o preço
da passagem do transporte coletivo, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) aumentou na última sexta-feira em mais R$ 90
milhões o montante destinado
aos repasses às empresas de
ônibus de São Paulo.
Até setembro, a prefeitura já
havia repassado R$ 470 milhões às empresas. O total de
subsídios até o final do ano deve ficar próximos à soma recorde de R$ 600 milhões -o dobro
do gasto em 2006 e 65% a mais
que os R$ 392 milhões de 2007.
Cerca de R$ 600 milhões é
também quanto a prefeitura
prevê gastar em 2009 com subsídios às empresas. O valor é
superior ao previsto para 13 secretarias. Equivale a mais de
três vezes a previsão para a Secretaria de Esporte, Lazer e Recreação (R$ 188,9 milhões) e
quase duas vezes os R$ 313 milhões previstos para a Cultura.
Foi o terceiro aumento autorizado em três meses. Em setembro, mais R$ 90 milhões já
haviam sido creditados e, em
agosto, R$ 30 milhões.
Os recursos, segundo a prefeitura, têm origem no superávit da arrecadação municipal.
Os subsídios são destinados a
cobrir a diferença entre os custos do transporte, declarados
pelas empresas de ônibus, e o
total arrecadado em passagens.
O último reajuste da passagem ocorreu em novembro de
2006, de R$ 2 para R$ 2,30.
Técnicos da SPTrans (empresa
que administra o transporte
coletivo) avaliam que a manutenção da tarifa só será possível
com aumentos sucessivos dos
repasses, caso não haja reajuste
em 2009, como diz a prefeitura.
Acima da média
A média mensal do déficit
nos últimos 12 meses foi de cerca de R$ 45 milhões. Entre os
benefícios que contribuem para o "rombo" mensal estão o Bilhete Único e gratuidades a idosos, estudantes e deficientes.
No segundo semestre, entretanto, os repasses têm ficado
bem acima dessa média.
Em setembro, o subsídio ficou na casa dos R$ 68 milhões.
Julho atingira o recorde: R$ 86
milhões -mais que o dobro da
média até então.
A disparada começou em julho, mesmo mês em que o prefeito Kassab, então candidato à
reeleição, aumentou de duas
para três horas o tempo que os
usuários do Bilhete Único têm
para pegar quatro ônibus pagando apenas uma tarifa.
Kassab anunciou que o benefício custaria R$ 80 milhões,
pagos com recursos economizados no combate a fraudes, e
que atenderia 800 mil pessoas.
Durante a campanha eleitoral, a reportagem pediu à Secretaria dos Transportes levantamentos de custos e quantidade
de usuários do benefício. Jamais obteve resposta.
Ontem, a pasta também não
se manifestou. A assessoria do
prefeito não retornou contato
até a conclusão desta edição.
O aumento do uso do transporte público nos últimos anos
também não justifica o aumento dos repasses. Desde 2005, o
crescimento médio da quantidade de passageiros de ônibus
foi de 3,4% -longe dos 74% de
incremento nos repasses.
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