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Pouso em rio foi a 160 km/h, diz piloto da FAB
Segundo ele, a pane no C-98 Caravan que pousou no rio Ituí (AM) na última quinta ocorreu 45 minutos após decolagem
Sobreviventes dizem ter feito sinais de fumaça que não foram vistos pelas equipes de resgate; grupo foi socorrido por índios
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O piloto que sobreviveu ao
acidente com o avião C-98 Caravan da Aeronáutica disse ontem, em Manaus, que o pouso
forçado da aeronave foi feito a
160 km/h. O avião, com 11 pessoas, caiu em um rio, no Amazonas, na última quinta-feira.
Duas pessoas morreram.
Segundo Carlos Wagner Ottone Veiga, 32, o Caravan perdeu repentinamente potência a
3.000 pés de altitude sobre a
floresta amazônica. Sem pista
de pouso, estrada ou clareira
por perto, a tripulação optou
por fazer o pouso forçado sobre
o rio Ituí, que fica dentro da terra indígena Vale do Javari, em
Atalaia do Norte, uma das áreas
mais isoladas do Norte do país.
Com a temperatura aumentando e para evitar uma explosão, ele desligou o motor. "Escolhemos um ponto do rio que
era muito sinuoso, cheio de curvas, e conseguimos fazer o pouso forçado. A 3.000 pés acima
do solo, levou cinco minutos o
pouso", disse o tenente ontem.
A causa da perda de potência
é investigada pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção
de Acidentes Aeronáuticos).
Segundo Veiga, a pane ocorreu 45 minutos após a decolagem de Cruzeiro do Sul (AC) rumo a Tabatinga (AM). Nesse
momento, ele assumiu o controle da aeronave e o restante
da tripulação passou a preparar
os sete passageiros para o pouso
forçado. "A aeronave deslizou
sobre a água até que houve a desaceleração e começamos a nos
preparar para sair da aeronave.
Foi tudo muito rápido", disse.
De acordo com o militar, logo
após o pouso forçado todos os
passageiros estavam vivos.
"Conseguimos fazer um pouso
para que as pessoas não se machucassem." Por motivo desconhecido, o funcionário da Funasa (Fundação Nacional de
Saúde) João Abreu, que morreu, tentou sair pela porta dianteira. Os outros saíram pela
porta traseira. O Caravan afundou em menos de um minuto.
Fumaça
Os sobreviventes ficaram
quase um dia na mata esperando o resgate. No avião, estavam
sete funcionários da Funasa
que voltavam de um trabalho
de vacinação em aldeias indígenas, que durou 17 dias.
Eles se alimentaram apenas
com a "ração operacional", que
fica no avião para situações de
emergência. Na manhã seguinte, índios viram destroços do
avião. Entre os sobreviventes,
estava uma mulher grávida,
que sofreu duas pequenas fraturas, na costela e na coluna.
Segundo o relato deles, foram feitos sinais de fumaça para facilitar a localização do grupo, mas que não foram vistos
pelo resgate. Um dos funcionários, Marcelo Nápoles, falou
que os aviões de resgate passaram três vezes pelo local.
Outra sobrevivente, Maria
das Graças Nobre, disse que a
movimentação de aviões na
noite anterior ao resgate deu a
"certeza" de que seriam salvos.
A Aeronáutica informou que
militares já foram ao local da
queda para participar da operação de retirada do avião do rio.
O corpo do suboficial Marcelo dos Santos Dias foi enterrado
ontem em Mesquita (RJ).
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