São Paulo, terça-feira, 03 de novembro de 2009

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Pouso em rio foi a 160 km/h, diz piloto da FAB

Segundo ele, a pane no C-98 Caravan que pousou no rio Ituí (AM) na última quinta ocorreu 45 minutos após decolagem

Sobreviventes dizem ter feito sinais de fumaça que não foram vistos pelas equipes de resgate; grupo foi socorrido por índios

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O piloto que sobreviveu ao acidente com o avião C-98 Caravan da Aeronáutica disse ontem, em Manaus, que o pouso forçado da aeronave foi feito a 160 km/h. O avião, com 11 pessoas, caiu em um rio, no Amazonas, na última quinta-feira. Duas pessoas morreram.
Segundo Carlos Wagner Ottone Veiga, 32, o Caravan perdeu repentinamente potência a 3.000 pés de altitude sobre a floresta amazônica. Sem pista de pouso, estrada ou clareira por perto, a tripulação optou por fazer o pouso forçado sobre o rio Ituí, que fica dentro da terra indígena Vale do Javari, em Atalaia do Norte, uma das áreas mais isoladas do Norte do país.
Com a temperatura aumentando e para evitar uma explosão, ele desligou o motor. "Escolhemos um ponto do rio que era muito sinuoso, cheio de curvas, e conseguimos fazer o pouso forçado. A 3.000 pés acima do solo, levou cinco minutos o pouso", disse o tenente ontem.
A causa da perda de potência é investigada pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
Segundo Veiga, a pane ocorreu 45 minutos após a decolagem de Cruzeiro do Sul (AC) rumo a Tabatinga (AM). Nesse momento, ele assumiu o controle da aeronave e o restante da tripulação passou a preparar os sete passageiros para o pouso forçado. "A aeronave deslizou sobre a água até que houve a desaceleração e começamos a nos preparar para sair da aeronave. Foi tudo muito rápido", disse.
De acordo com o militar, logo após o pouso forçado todos os passageiros estavam vivos. "Conseguimos fazer um pouso para que as pessoas não se machucassem." Por motivo desconhecido, o funcionário da Funasa (Fundação Nacional de Saúde) João Abreu, que morreu, tentou sair pela porta dianteira. Os outros saíram pela porta traseira. O Caravan afundou em menos de um minuto.

Fumaça
Os sobreviventes ficaram quase um dia na mata esperando o resgate. No avião, estavam sete funcionários da Funasa que voltavam de um trabalho de vacinação em aldeias indígenas, que durou 17 dias.
Eles se alimentaram apenas com a "ração operacional", que fica no avião para situações de emergência. Na manhã seguinte, índios viram destroços do avião. Entre os sobreviventes, estava uma mulher grávida, que sofreu duas pequenas fraturas, na costela e na coluna.
Segundo o relato deles, foram feitos sinais de fumaça para facilitar a localização do grupo, mas que não foram vistos pelo resgate. Um dos funcionários, Marcelo Nápoles, falou que os aviões de resgate passaram três vezes pelo local.
Outra sobrevivente, Maria das Graças Nobre, disse que a movimentação de aviões na noite anterior ao resgate deu a "certeza" de que seriam salvos.
A Aeronáutica informou que militares já foram ao local da queda para participar da operação de retirada do avião do rio.
O corpo do suboficial Marcelo dos Santos Dias foi enterrado ontem em Mesquita (RJ).


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